Social Icons

twitterfacebookgoogle pluslinkedinrss feedemail

Pages

terça-feira, 2 de julho de 2013

Capítulo 22: EPIMETEU O GUARDIÃO DA ÂNFORA SAGRADA

EPIMETEU(Ἐπιμηθεύς). Por Genzoman.

— Os homens, os homens!... Sempre os homens! — esbravejou Zeus(Ζεύς), diante de seis duendes irritados. — O que foi agora? Falem!

Os duendes começaram a falar, todos ao mesmo tempo.

— Assim não! Um de cada vez!

Calaram-se todos e já iam recomeçando juntos, novamente. Mas Zeus calou-os com um gesto.



— Você! — apontou para um deles, o mais velho. — Fale você. O que foi que aconteceu?

O velhinho empertigou-se todo:

— Eles agora não querem mais morar em grutas. Resolveram construir abrigos de madeira e estão derrubando todas as árvores. E depois cortam o capim comprido onde moram as pequenas fadas, deixam-no secar até morrer e cobrem suas habitações com ele. E, ainda por cima, arrancam toda a vegetação em volta de suas casas e deixam imensas áreas totalmente devastadas.

Zeus escutou pacientemente suas reclamações.

— Muito bem, muito bem! Estou sabendo disto tudo e vamos tentar resolver o problema. Não fiquem preocupados e confiem em nós.

Os duendes sorriram, satisfeitos.

— Confiamos nos deuses! — exclamou um deles. — Sabemos que os deuses não deixarão que os homens continuem a acabar com a vegetação.

— E a destruir as fadas! — acrescentou o outro.

— E a caçar animais sem necessidade! — gritou mais um, lá de trás.

E logo estavam todos protestando ao mesmo tempo, novamente. Zeus estendeu os braços, acalmando-os.

— Vamos fazer o possível. Estejam certos de que logo tudo estará resolvido.

Os duendes retiraram-se, em meio a grande algazarra. Zeus os viu afastarem-se e ainda ficou algum tempo com os olhos parados na passagem por onde haviam desaparecido. Hera(Ἥρα) chegou e tocou em seu ombro. Zeus voltou-se lentamente.

— Isto está se tornando um problema sério. Os homens já foram avisados, como instruí, quanto aos danos que estão causando a natureza?

Hera sacudiu a cabeça afirmativamente.

— Hermes(Ἑρμής) os avisou. Eu mesma pedi que falasse com todos os homens e dissesse que estavam provocando a ira dos deuses.

— E não deram ouvidos? Absurdo! — exclamou Zeus, visivelmente contrariado.

Calou-se. Hera, pacientemente, esperava que a cólera do senhor do Olimpo se abrandasse.

— Não vejo outra solução... — falou Zeus baixinho, como se falasse consigo mesmo. — Os homens têm que ser destruídos.

— Os homens são imortais! — interrompeu-o Hera.

— Sim, imortais e andróginos! — urrou o deus. — E multiplicam-se como formigas! Como poderei destruí-los?

Hera não respondeu, pois não via também uma solução apropriada para o caso. Mas Hélios(Ἥλιος), que naquele momento brilhava no meio do céu, desceu por um raio dourado e surgiu em frente a Zeus, espalhando gotas de luz.

— Zeus, — disse ele — não pude deixar de ouvir tudo. Talvez possa auxiliá-lo.

O senhor do Olimpo olhou-o, cheio de interesse.

— Fale, Hélios, qualquer solução é muito bem-vinda.

— Escutei uma vez uma conversa entre Prometeu(Προμηθεύς) e Epimeteu(Ἐπιμηθεύς), seu irmão.

Foi no dia em que Prometeu foi condenado a ir para o rochedo. Quando se despediu do irmão, entregou-lhe uma ânfora dourada, ricamente trabalhada com arabescos e filigramas de prata. Epimeteu (Ἐπιμηθεύς) era irmão de Prometeu, o titã que modelou o primeiro homem do barro. No entanto, este, por temer o castigo de Zeus devido ao roubo do fogo dos deuses, decidiu um dia alertar o seu desavisado irmão:

— Meu irmão, guarde esta ânfora.

Epimeteu arregalou os olhos ao ver diante de si aquele trabalho tão magnífico. Sem poder conter-se, quis logo abrir a maravilhosa ânfora, mas foi impedido pelo autor do mesmo.

— Não, meu irmão, não faça isto! É para ser mantida sempre assim, hermeticamente fechada.

—  Como queira Irmão — disse Epimeteu com um ar confuso e meio desapontado.

— Nunca esqueça. Não é para ser aberta em ocasião alguma, compreendeu? Mantenha-a sempre com você e não a abra, jamais.

E ao pronunciar aquelas palavras, visualizou em sua tela mental a fonte de seus temores.

Depois que Zeus havia vencido os Titãs, vendo que era hora de acabar com os Males do mundo, Prometeu decidiu aprisionar de vez todos os males que perambulavam devido ao evento da Titanomaquia, gênios maléficos, andavam pelo mundo físico.

Prometeu, desejando livrar o mundo de Gea de tais Males, caçou-os um a um e pô-los numa grande e pesada ânfora. Finalmente, conseguiu aprisionar os Ponoi (Trabalhos penosos), as Nosoi (Doenças) e os Kakoi (Males), filhas da Discórdia, que incluía a Inveja, a Fome, a Gula, a Ganância, o Ódio, a Velhice, o Medo, a Peste, a Vingança (Poiné), o Terror, a Guerra, o Ciúme, a Intolerância, a Dor, o Sarcasmo, enfim todos os males que afligiam e atrapalhavam a vida dos seres humanos, desde que ele os havia criado. Fechou a ânfora com um lacre. Com ele permaneceu até o momento em que achasse por bem incumbir a outrem de guardá-la com segurança.

— Irmão, você está bem? — Questionava Epimeteu, que sacudia seu irmão trazendo-o de volta a realidade.

— Confio-te esta preciosa ânfora, mas peço-te, Epimeteu, que não a abras jamais!  Nela estão guardados todos os males que poderiam afligir e destruir os homens. Não deixe também que os deuses descubram que lhe dei esta caixa. — E puxando-o para um canto completou: — Epimeteu, tome muito cuidado com os presentes que receber de Zeus ou de quaisquer outros deuses, pois com sua magia poderão saber da existência da caixa e, com certeza, tentarão abri-la de qualquer maneira. Você é muito inocente e crédulo, poderá cair facilmente em alguma armadilha.

Ao ouvir o relato de Hélios, o rosto de Zeus se iluminou.

— E por que não disse isto antes, Hélios?

O deus de fogo sacudiu os ombros, displicentemente.

— Não sabia que queria esta informação.

— Uma caixa cheia de males... — disse Zeus, pensativo.— Muito interessante... Obrigado, Hélios, por ter me contado isto. Muito obrigado!...

Hélios voltou, apressado, à sua carruagem que deixara parada, no meio do céu e

Zeus, pensativo, mergulhou no silêncio. Hera aproximou-se, curiosa.

— O que pretende fazer, Zeus?

Ele fez um gesto brusco.

— Espere! Estou pensando, deve haver algum jeito de tomar posse daquela caixa. Hera, peça a Hermes que traga Athena(Ἀθάνα) a minha presença temos que pensar em algum plano juntos!

E hera saiu, meio despontada com a atitude do marido a preferir a companhia de sua filha a ela mesma...

Nenhum comentário:

Postar um comentário