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sábado, 6 de julho de 2013

Capítulo 26: AS MUSAS E AS CÁRITES (GRAÇAS): A INSPIRAÇÃO DOS HOMENS

MUSAS(Μοῦσαι) E CÁRITES(Χάριτες). Por Genzoman.

Hera(Ἥρα) fixava em seu divino esposo um olhar de reprovação.

— Reconheço que era preciso dar um fim à imortalidade dos homens, mas agora, assolados por tantos males, dificilmente terão a oportunidade de serem bons e úteis de alguma forma para a criação. 


Zeus(Ζεύς) fez um muxoxo:

— Sempre achei que jamais iriam prestar para alguma coisa. Falta neles uma alma divina.

— Mas como poderão seguir o caminho do Bem se não têm ninguém para orientá-los, para inspirá-los, para dirigir seus passos? — Indagou hera.— Antes, por falta de um bom guia, agiam como crianças irresponsáveis e inconsequentes. Mas lembre-se de que agora estarão totalmente sob a influência nefasta dos monstros astrais que Pandora deixou fugir da ânfora. E como será seu comportamento daqui para a frente, com aqueles monstros a despertarem em suas mentes somente o Mal e a destruição?

Zeus não respondeu. No íntimo, reconhecia que a esposa estava com a razão. Mas não deu o braço a torcer. Continuou com seu ar altivo, jogando em Hera olhares de desdém, como sela ela estivesse dizendo absurdos sem nenhum fundamento.

— E não me olhe desta maneira! — estrilou ela. — Sabe muito bem que não digo tolices! Reflita melhor sobre a situação dos homens e verá que não foi justo o que fez com eles.

Zeus saiu pisando duro. Não gostava de ser repreendido pela esposa. Caminhou um pouco pelo bosque e entrou num clareira coberta de areia, que rodeava um lago de águas cristalinas.

— Justiça! Hera pede justiça para os homens! — resmungava, jogando pedras na superfície tranquila do pequeno lago — Falta-lhes orientação? Pois bem, vamos resolver isto.

Jogou mais uma pedra e esperou até que os círculos concêntricos que se formaram no espelho das águas desaparecessem por completo. Olhou para o sol e achou-o propício. Pegou um graveto e riscou com ele um amplo círculo na areia muito branca. Dentro dele, fez outros desenhos misteriosos. Depois ficou de pé, no centro do círculo. Abriu os braços e olhou para o céu infinitamente azul.

— Ó Grande Espírito, essência criativa do Universo, eu vos convoco neste momento! Alcance-me com sua força e suas energias e impregne-me de sabedoria, do conhecimento de todas as ciências, da beleza das artes, da alegria, da prudência e de todos os sentimentos bons e construtivos.

Continuou de braços abertos, sentindo passar pelo corpo uma brisa suave, mas cheia de intensa energia. Fechou os olhos e deixou que seu organismo absorvesse toda aquela força. Sentiu o corpo vibrar.

— E agora, com sua aquiescência, ó Grande Espírito, desejo que todos esses dons se concentrem em minha semente e que seja ela fecunda. E ali ficou, o corpo forte tocado pela brisa, deixando que as forças recebidas corressem pelos canais de seu organismo...

Eurínome(Εὐρυνόμη) era uma das Oceânides, filha de Oceano(Ὠκεανὸς) e Tétis, juntamente com sua mãe foi responsável pela recuperação de Hefesto, após este ter sido jogado do Olimpo por sua mãe hera. Já fazia algum tempo que o deus das forjas havia retornado ao Olimpo isto deixara Eurinome com saudades do seu irmão de criação.

A jovem Oceânide passava seus dias passeando em torno da ilha de Lemos, relembrando de suas aventuras  com o jovem Hefesto e sua Mãe. Por vezes parava e observava as estrelas desejando seu retorno, até que um barulho tirou-a de seus pensamentos...

Do meio dos arbustos, surgiu a figura imponente do senhor do Olimpo, hipnotizada por seus olhos, Eurinome estregou-se aos seus encantos e naquela noite, após a visita de Zeus a mesma foi mãe das três Cárites(Χάριτες) — Aglaia(Ἀγλαΐα), Eufrosina(Εὐφροσύνη) e Talia(Θαλία) —, divindades que passaram a pertencer ao cortejo de Afrodite(Ἀφροδίτ) e a dispensar aos homens a prudência, o bom-humor, a eloquência e as boas maneiras.

Pouco depois, Zeus procurou Mnemosine(Mνημοσύνη), a Titânida filha de Urano e Gaia, e com ela se uniu durante nove noites seguidas e, no tempo certo, nasceram as nove Musas(Μοῦσαι): Clio, Euterpe, Tália, Melpômene, Terpsícore, Érato, Polímia, Urânia e Calíope, que logo outorgaram aos homens a sabedoria, o conhecimento das ciências e a beleza das artes. Foi então que Zeus  proclamou:

—  Filhas enchi-me de complacência pela solicitações de minha esposa, ide e inspirai o Homem a seguir pelo caminho correto, pois só assim poderão evoluir...

E assim sagrou cada uma das nove musas com um dom específico de inspiração. 

Calíope (Καλλιόπη) (bela voz), a primeira entre as irmãs, era a musa da eloquência. Seus símbolos eram a tabuleta e o buril. É representada sob a aparência de uma jovem de ar majestoso, a fronte cingida de uma coroa de ouro. Está ornada de grinaldas, com uma mão empunha uma trombeta e com a outra, um poema épico.  

Clio (Κλειώ) (a que confere fama) era a musa da História, sendo símbolos seus o clarim heróico e a clepsidra. Costumava ser representada sob o aspecto de uma jovem coroada de louros, tendo na mão direita uma trombeta e na esquerda um livro intitulado "Tucídide". Aos seus atributos acrescentam-se ainda o globo terrestre sobre o qual ela descansa, e o tempo que se vê ao seu lado, para mostrar que a história alcança todos os lugares e todas as épocas.

Euterpe (Eὐτέρπη) (a que dá júbilo) era a musa da poesia lírica e tinha por símbolo a flauta, sua invenção. Ela é uma jovem, que aparece coroada de flores, tocando o instrumento de sua invenção. Ao seu lado estão papéis de música, oboés e outros instrumentos.

Talia (Θαλία) (a festiva) era a musa da comédia que vestia uma máscara cômica e portava ramos de hera. É mostrada por vezes portando também um cajado de pastor, coroada de hera, calçada de borzeguins e com uma máscara na mão.

Melpômene (Μελπομένη) (a cantora) era a musa da tragédia; usava máscara trágica e folhas de videira.

Terpsícore (Τερψιχόρη) (a que adora dançar) era a musa da dança. Também regia o canto coral e portava a cítara ou lira. Apresenta-se coroada de grinaldas, tocando uma lira, ao som da qual dirige a cadência dos seus passos. 

Érato (Ἐρατώ) (a que desperta desejo) era a musa do verso erótico. É uma jovem ninfa coroada de mirto e rosas. Com a mão direita segura uma lira e com a esquerda um arco.

Polímnia (Πολυύμνια) (a de muitos hinos) era a musa dos hinos sagrados e da narração de histórias. 

Urânia (Οὐρανία) (celeste) era a musa da astronomia, tendo por símbolos um globo celeste e um compasso.

E, do alto do Olimpo, os deuses apreciavam o trabalho das belas moças, que distribuíam entre os homens suas dádivas preciosas na forma de uma chuva dourada...

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