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quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Capítulo 37: DEMÉTER, A DEUSA DA COLHEITA E SEU AMANTE MORTAL IÁSION

DEMÉTER(Δημήτηρ). Por Genzoman.

Os homens conseguiram, a duras penas e com o auxílio dos espíritos da natureza, fazer com que a terra voltasse a dar flores e frutos. Deucalião(Δευκαλίων) e Pirra(Πύρρα) tiveram filhos e filhas. As planícies voltaram a verdejar e as gotas douradas do sol novamente surgiram sobre a superfície tranquila e cristalina dos lagos.


A espécie humana cresceu, multiplicou-se e espalhou-se pelo mundo, reunindo-se em colônias. As colônias se transformaram em povoados e os povoados em cidades. Como o homem não sabia cultivar a terra e dependia unicamente dos frutos e da caça, os alimentos se tornaram escassos. Do alto do Olimpo, os deuses escutaram suas preces.

— Zeus(Ζεύς), senhor poderoso, o alimento que conseguimos não é mais suficiente para nós e para nosso filhos. A floresta nos dá a caça, nos cede os frutos de seu ventre, mas eles são poucos e nós somos muito numerosos. Ajude-nos, senhor, a fazer com que a terra multiplique seus frutos e produza toda a espécie de alimentos de que precisamos.

Gaia(Γαῖα), novamente, intercedeu em favor do mundo que tanto amava. 

— Zeus, faça alguma coisa por eles. O que a terra lhes oferece não é mais suficiente para seu sustento.

Zeus pensou um pouco e resolveu:

— Chame minha irmã Deméter(Δήμητρα).

Deméter chegou, linda e jovem. Desde que fora libertada por Zeus do ventre de seu pai, Crono(Κρόνος), juntamente com os outros irmãos, não participara diretamente dos problemas dos deuses. Limitava-se a cuidar da natureza, no Olimpo, a fazer com que lá a vegetação fosse incrivelmente bela.

— Deméter — disse Zeus — quase não a tenho visto. Por onde tem se escondido, minha bela irmã?

— Não me escondo, Zeus. Apenas cuido das plantas e das flores e faço dessa ocupação a alegria de minha vida.

— Pois muito bem. Já que gosta tanto da natureza, vou dar a você uma importante missão. Deverá aumentar a produção da terra, nas planícies. Os homens têm fome.

E Démeter, feliz com sua agradável tarefa, fez com que a vegetação cobrisse todos os prados e planícies, multiplicou os frutos e os alimentos cedidos pela terra, em sua turnê foi ensinando a arte da agricultura aos homens da Terra, pois, assim como Athena(Ἀθάνα) e Prometeu(Προμηθεύς), Deméter estava ligada com estreitos laços à Humanidade. Agradecidos, os homens ergueram templos e estátuas em homenagem aos deuses.

Poseidon(Ποσειδῶν), que a observava desde que deixara o Olimpo para trabalhar com os homens, logo viu-s apaixonado. Por várias vezes assediou Deméter que, arisca, esquivou-se ao poderoso deus. Poseidon, cada vez mais apaixonado, passou a persegui-la a cada instante. Quando viu que dificilmente conseguiria escapar, Deméter se transformou em uma égua e partiu em disparada pelas pradarias, em direção à floresta. 

No entanto Poseidon tomou a forma de um garanhão, alcançou-a e cobriu-a. Encolerizada e humilhada, Deméter se escondeu debaixo de véus negros e foi se refugiar no fundo de uma caverna. E foi mãe do Arion(Αρίων), um cavalo de crinas azuis, que possuía o dom da palavra e de ver o futuro e de uma filha misteriosa, que os homens nunca chamavam pelo nome, a não ser durante alguns rituais. Filha da cólera de Deméter, temiam que, quando convocada, despertasse a ira da natureza e a violência dos elementos.

O mundo voltou a sofrer pela fome, pois Deméter, envergonhada, não queria mais sair de sua gruta e, na sua ausência, a terra não produzia.

Aflita, Gaia procurou Zeus.

— Por favor, Zeus, faça alguma coisa! Poseidon humilhou Deméter e ela agora se recusa a cuidar da vegetação! Os homens voltam a ter fome.

Ajudado por Pã(Πᾶν), Zeus conseguiu afinal localizar sua irmã.

— Vamos, Deméter, por que se retirou assim? Dei-lhe uma missão e, seja lá o que for que a atormenta, não pode castigar os homens, pois eles não têm culpa de sua tristeza.

Deméter suspirou.

— Você está certo, meu irmão. Tenho me descuidado da vegetação. Voltarei a cuidar da terra.

E Deméter tornou a percorrer o mundo, e a terra se encheu novamente de plantas e frutos. Disfarçada em mulher do campo, ensinou aos homens a arar e a cultivar o solo. Mostrou como colher a semente, plantar, adubar e regar a terra. Ajudou nas primeiras colheitas e fez com que os homens despertassem o amor por suas plantações. 

Do Olimpo, Zeus a tudo assistia e, quando Hélios(Ἥλιος) mergulhou sua carruagem nas estrebarias da noite, sorriu, feliz, no final de mais um dia dos deuses.

— Desta vez, espero que tudo dê certo.

O carro prateado de Selene(Σελήνη) surgiu na noite estrelada e seus beijos respingaram luz por todo o negro firmamento. Esquecendo-se dos homens, Zeus se deixou perder na contemplação daquela noite radiosa. E teve saudade do Infinito, teve saudade das estrelas. Fez adormecer seu corpo, saiu da matéria física e partiu para a Imensidão.

Flutuando no espaço, passou pelas estrelas, pelas constelações. Sorriu ao ver Amalthéia(Ἀμάλθεια), a cabra que o aleitara, brilhando, alegre, no vazio negro. E viu também as Plêiades(Πλειάδες) filhas de Atlas e Pleione . De longe, contemplou Electra(Ηλέκτρα) e sentiu o peito encher-se de Amor. Mas ela fugiu, apagou sua luz no céu, e foi procurar abrigo na Terra, no Palácio de Athena.

Disfarçada em mulher, procurou ocultar-se atrás da estátua da deusa guerreira. Irritado, Zeus lançou longe e estátua. Electra não pôde mais fugir e cedeu aos amores de Zeus. E foi mãe de Dárdano(Δάρδανος) e Iásion(Ιασίων). Reuniu os filhos e entregou-os ao pai.

— Zeus, — disse Electra — volto agora ao convívio de minhas irmãs. Preciso retornar ao firmamento e a brilhar no espaço que deixei vazio. Cuide de nossos filhos e faça deles homens justos, como devem ser os filhos dos deuses.

Em seguida, foram para a Samotrácia, em Aigos, e lá passaram a residir por um bom tempo. 

As crianças foram entregues a uma família bondosa, o padrasto dos garotos era Córitos, rei de Córites, a futura Cortona, na Etrúria que as criou com Amor. Com a morte do pai, foram intimidados a abandonar o país. Foram para a Hélade, onde Dárdanos casou-se com Crise, filha de Palante e neta de Licaon, rei dos pelasgos, no tempo em que Cadmos recém havia chegado de Sídon. já Iásion ficou com sua família adotiva, na Samotrácia. Um dia, estava Iásion cuidando da plantação, quando Deméter se aproximou, em seu disfarce humano.

— Camponês, — disse a deusa — creio que não conhece ainda a maneira de transplantar as mudas que crescem coladas ao tronco. Veja como faço. 

Com suas mãos hábeis, cortou as mudas, misturou a terra de um canteiro com adubo, fez as covas e plantou. Iásion procurava ficar atento ao que ela lhe ensinava, mas a beleza luminosa da deusa ofuscava-lhe a visão.

— Quem é você? — perguntou, afinal.

Ela deu uma risada.

— Ora essa, camponês, acho que não se interessou pela lição. Deve olhar para as plantas e não para mim.

Ele corou ligeiramente.

— Perdoe-me, moça, mas sua beleza é tão grande que atrai meus olhos e meu coração. Diga-me, quem é você?

Ela não respondeu. Levantou-se e foi olhar o campo que se estendia até a encosta de um monte que se erguia no horizonte.

— Esta terra é toda sua? — perguntou ela.

— É de minha família — respondeu Iásion, sem conseguir desviar os olhos do rosto de Deméter. — Muitos camponeses, porém, cultivam nossas terras.

Ela abaixou-se, enterrou os dedos na terra e sentiu a vibração que dela emanava. Concentrou-se por instantes.

— Olhe, rapaz, este solo precisa ser lavrado por três vezes seguidas, ou logo deixará de germinar.

Iásion segurou suas mãos suaves e macias, apesar do contato com a terra.

— Moça, agradeço seus ensinamentos. Vou providenciar imediatamente os homens necessários para que o solo seja arado três vezes seguidas, segundo suas instruções. Enquanto isso, peço que aceite nossa humilde hospedagem. Certamente terá mais a ensinar, quando a lavratura da terra estiver concluída.

Deméter aceitou, agradecida. Seu corpo físico já estava cansado de tanto caminhar pelo mundo, ensinando aos homens as artes de lavoura. Banhou-se num rio que passava por perto, alimentou-se de grãos e frutos e adormeceu. 

Iásion, tomado de amores, deixou os camponeses arando a terra e ficou ao lado da deusa, velando seu sono. E viu quando ela, no meio da noite, abandonou seu corpo humano adormecido, flutuou por instantes no meio do aposento e partiu em direção ao Olimpo.

— Céus! É uma deusa! — exclamou Iásion — Só pode ser Deméter, a deusa da agricultura! E eu, insano, a perder-me de amores por uma deusa. — Curvou-se sobre o corpo adormecido da jovem — E ela aqui, tão perto de mim e ao mesmo tempo tão longe! — Tocou de leve o rosto macio e logo retirou a mão, assustado. — Mas que faço eu? Ouso tocar a face de uma deusa? Que os céus não me castiguem por tanto atrevimento!

Afastou-se, sentou-se no chão, longe da cama, mergulhado na escuridão e ficou calado, deixando que a paixão crescesse em seu peito e inundasse seus sentidos...

Os camponeses chegaram para avisar que a lavratura terminara. Deméter abriu os olhos, sorriu e estendeu a mão para o rapaz que aguardava seu despertar.

— Venha, Iásion, vamos ver o trabalho de seus homens.

O rapaz não respondeu. Limitou-se a segui-la, docilmente. Os pés descalços de Deméter mergulharam na terra fofa e uma energia forte subiu por seu corpo.

— É boa a vibração do solo. Irá germinar e dar bons frutos — Olhou para o rapaz que, em silêncio, parecia não se importar mais com suas terras. — Mas o que há com você, Iásion?

Ele não queria responder, mas os olhos da deusa arrancaram as palavras de seus lábios trêmulos.

— Eu ousei amá-la, Deméter. Que castigo haverá para tamanha audácia? 

Ela sorriu com ternura e fez com que ele a olhasse de frente.

— Iásion, não pode haver castigo para o amor. É ele que anima a vida, que dá vitalidade aos campos, que faz germinar a semente. Sou deusa, sim, mas os deuses também amam e com uma intensidade talvez até desconhecida aos mortais. Olhe para mim, não deixe que seus olhos fujam, pois é lindo o brilho que o amor transmite pelo olhar.

Iásion levantou o rosto lentamente e se deixou mergulhar no semblante tranqüilo de Deméter. Atraiu-a para si e beijou seus lábios úmidos. Deitaram-se e uniram-se sobre aquela terra lavrada três vezes. E dali a algum tempo nasceria Pluto(Πλούτος), a Riqueza, que percorreu a Terra, espalhando a abundância em todos os lugares por onde passava.

Daquele dia em diante, os camponeses passaram a amar suas esposas sobre a terra a ser cultivada, para estimular o crescimento rápido da vegetação, transformando o ato do amor num ritual de fertilidade...

Do Olimpo, Zeus viu Deméter e Iásion deitados sobre a terra. Uma sombra velou seu rosto e o ciúme se entranhou em seu coração. 

Quando Deméter retornou ao Olimpo, foi repreendida pelo senhor dos deuses, mas ela retrucou:

— Não posso aceitar suas censuras, Zeus. Deu-me a missão de ensinar aos homens o cultivo da terra, mas isto não é tudo. O Amor faz nascer e germinar a semente. Não pode castigar Iásion por me amar. Olhe como a terra se tornou fértil!

Mas Zeus não se conformou. O ciúme tomava conta de seu ser e, de longe, via a irmã correndo pela planície, reunindo os homens e ensinando a eles as várias maneiras de cuidar da terra. E a seu lado estava sempre Iásion.

— Meu filho Iásion! — esbravejou Zeus. — Como pode ele tomar o amor de uma deusa? Ele, um simples mortal! As deusas pertencem aos deuses, pertencem a mim, o deus dos deuses! Não posso permitir semelhante ultraje!

Até os deuses se espantaram com o ciúme violento de Zeus. Afrodite(Ἀφροδίτ) ainda tentou ajeitar as coisas.

— Por que está tão aborrecido, Zeus? Logo você, que já ensinou que o Amor é poderoso e necessário para o desenvolvimento interior do ser humano?

— Pois que os homens se amem entre si e não toquem nas deusas!

Gaia também intercedeu:

— Veja como o amor deles fez germinar a terra arada. Seu ciúme é infundado, Zeus!

— Não tenho ciúmes! — gritou ele — Apenas não quero que os homens possuam as deusas.

Afrodite o olhou bem dentro dos olhos e perguntou:

— Isto se estende a todos os homens ou somente a seu filho? Parece-me que não deseja ver um filho seu ocupando seu lugar no coração e no leito das deusas.

Zeus saiu sem responder. As palavras de Afrodite tinham se encravado em sua mente como lâminas de aço. Um dia, tomado por incontrolada ira, arremeteu contra o rapaz um poderoso raio e o matou...

Desesperada e furiosa, Deméter se escondeu, disfarçada, entre os homens, para nunca mais ser vista pelo irmão. Em vão, Zeus a procurou e não a encontrou em lugar nenhum. À medida que a procurava, ia sentindo nascer em seu íntimo um incontido desejo pela irmã desaparecida. Queria tê-la para si, totalmente, integralmente.

Após a morte de seu amante Iásion, Deméter vagou pela terra tentando ocultar sua presença entre os homens. Numa de suas passagens por terras abandonadas, na região de Elêusis, encontrou esfomeados que lhe imploravam ajuda. Para estes criou rebanhos de cabras com grandes ubres, oferecendo-lhes no leite o desejo de viver. E purificou o mel. Entregando a este grupo o mais nobre dos tesouros, grão dourado, o trigo de fazer pão que ensinou a fazer.

— Esta semente é bendita, com ela se faz farinha. Doce pó que gera vida. É meu presente maior. Minha bênção aos mortais, que só lhes cabe plantar, cultivar, colher, cuidar, saciando o que lhes falta e lhes trazendo alegrias no dia-a-dia da Terra.

Dentre os muitos deste grupo a quem entregara o trigo, havia uma triste mulher, Metanira(Μετάνειρα), que trazia nos seus braços um menino morrendo, chamado Triptólemos(Τριπτόλεμος).

— Senhora, toma meu filho e ensina-lhe a morrer, conduzindo sua sombra à morada de Hádes. Não há tempo de livrá-lo da fome por que passou. — Disse Metanira, extremamente aflita, que passou o menino para os braços da deusa.

Diante da mãe sofrida, a doce e branda Deméter sentiu-se condoída. Viu a mãe em orações e oferendas que fez com quase nada que tinha, doando-se para a deusa. De fato, Elêusis andava arrasada pela fome.

Deméter aceitou Triptólemos, para salvar-lhe a vida.

— Faço viver o menino, recebendo os sacrifícios e orações que me dá. Também, prometo que um dia seu filho será herói de grande e vasta valia no que lhe vou ensinar. Celeste Semeador é o que ele será!

Grata Metanira ajoelhou-se aos pés da deusa. Deméter apenas devolveu a criança aos braços da mãe e falou:

— Chegará o dia em que retornarei a esta terra e farei de seu filho meu pupilo, até lá cuide dele...

E assim dizendo Deméter partiu novamente

Um templo em honra a Deméter foi construído no local onde a deusa o recebera da mãe que lhe entregara Triptólemos moribundo. Deste templo, sagrou-se o seu primeiro sacerdote. Era um templo de grandes colunas, todo em mármore vermelho. Fagulhando farto fogo nas piras por toda a parte, em altares a Deméter, e com multidão de fiéis ali sempre apareciam para saudações à deusa. Em festas comemorativas às bênçãos pelo que havia sido colhido, depositavam presentes por todos os cantos do templo.

No Olimpo, os deuses perceberam o nervosismo que tirava o sossego de Zeus(Ζεύς).

— O que é que ele tem? Está tão estranho... Fica o tempo todo andando de um lado para outro, sozinho e gesticulando.

O que havia com Zeus, que não se importava mais com os deuses e nem com o Olimpo? Foi Hélios quem, enfim, percebeu o que se pasava com o senhor do olimpo.

— Sei muito bem o que perturba sua mente, zeus e estou pronto para lhe revelar o paradeiro de sua irmã Deméter:

De posse da informação e sem pensar duas vezes, Zeus desceu do Olimpo e foi procurar a irmã. Encontrou-a adormecida à sombra de uma árvore. Pressentindo sua presença, a moça acordou, sobressaltada, e quis fugir.

Zeus a segurou pelo braço.

— Não fuja, Deméter. Por que se esconde de mim?

Ela o olhou com desdém.

— Não posso perdoar o que fez com Iásion. Julgava-o bom e justo, meu irmão, mas vejo que me enganei.

Zeus não respondeu; apenas a puxou para si. Deméter tentou soltar o braço, mas não conseguiu. Zeus a abraçou com força e a obrigou a ceder à sua vontade. Depois voltou para o Olimpo, deixando Deméter caída na relva, humilhada e violentada.Foi então, que Zeus fez chover sobre a irmã gotas de aromas. A deusa sentiu que algo nela mudava, era diferente de tudo o que sentira. Sem perceber, Zeus a engravidou. Deméter de imediato sentiu que a criança se aninhava em seu ventre. Deméter não soube senão amar a criança que trazia dentro de si, ainda mais desta vez, e que um dia nasceu no Oráculo de Elêusis. Ao nascer, Deméter mostrou-a aos fiéis:

— Eis a minha filha, chama-se Core(Κόρη), e será “a semente” de uma nova vida!

Core nasceu, linda e com uma pele alva e longos cabelos negros. Vendo-a correr pelos campos, brincando com as ninfas, Deméter pensava:

— Às vezes custo a pensar que ela é filha da violência de Zeus. Tão linda, tão leve e tão pura que mais parece um silfo esvoaçando entre as flores.

Educada pela mãe, fez-se rainha das flores. Semeadora de cores, Core plantou jardins pela região, colorindo tudo por onde passava. Tinha o carinho dos deuses e a afeição dos mortais, todos admirados com sua plena beleza.Ensinando aos homens as artes da lavoura, Deméter percorria o mundo, em companhia da filha.

Crescendo sempre junto da mãe. Um amor terno as unia com laços tão fortes, que já não era mais possível imaginá-las uma longe da outra. Era como se fossem ambas partes de um único ser, um só organismo. E às vezes, contemplando a filha adormecida, Deméter pensava:

— Filha querida, você é a minha alegria. Chego a agradecer o dia em que Zeus plantou em meu ventre a semente que a gerou. Que os céus a cubram de luz e que a conservem sempre junto a mim.

E assim foi, até o dia em que Perséfone foi vista por Hades(Άδης), o senhor do Mundo Inferior...

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