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domingo, 5 de maio de 2013

Capítulo 5: JAPETO E CLIMENE: A PREOCUPAÇÃO COM A DESCENDÊNCIA DE CRONO

JAPETO(Ἰαπετός) e CLIMENE(Κλυμένη). Por Gabriella-Bujdoso.

Japeto(Ἰαπετός) olhava com ternura sua doce Climene(Κλυμένη) adormecida. Ela era filha do casamento de Oceano(Ὠκεανὸς) e Tétis, era uma das Oceanides dotada de uma suave beleza e uma doçura cativante. Ao contrário dos outros Titãs(Τιτάν), que desposaram suas irmãs, as Titânidas, Japeto logo preferiu a bela sobrinha, que mais se aproximava de sua natureza cósmica.



Climene já lhe dera quatro filhos,os titãs da segunda geração Atlas(Ἄτλας), Menécio(Μενοίτιος), Prometeu(Προμηθεύς) e Epitemeu(Ἐπιμηθεύς).

Atlas, o mais velho deles, tornou-se violento. Logo afastou-se dos pais e preferiu habitar o mundo físico de Gaia(Γαῖα), entre os rochedos e as grandes árvores. Menécio, bruto e orgulhoso, mal olhava para os deuses, e apenas se preocupava em manter sua altivez. 

Japeto entristeceu-se com esses filhos que engendrara. Mas logo vieram Prometeu e Epitemeu. O primeiro, previdente, sábio, passava todos os seus momentos pensando, concentrado em si mesmo, como se estivesse sempre procurando a solução de algum problema. Mas não falava a ninguém sobre o que lhe ia na mente. 

Uma vez Japeto surpreendeu-o contemplando o mundo material, onde já se podia notar algumas espécies vegetais. Ao chegar mais perto do filho, Japeto escutou-o suspirar e dizer baixinho:

— Que belo mundo, cheio de verde e de vida física. Mas sinto que falta um ser especial para dirigi-lo.

Quando percebeu a presença do pai, Prometeu estremeceu e disfarçou.

— Pai, também veio apreciar o mundo de Gaia?

Japeto ainda tentou fazê-lo falar.

— Filho, você dizia alguma coisa, quando cheguei. O que era?

Prometeu desviou o olhar.

— Nada, pai, apenas apreciava a beleza do verde e dos animais.

Epimeteu, o caçula dos filhos de Japeto e Climene, era extremamente crédulo. Jamais percebia quando os primos tentavam enganá-lo nas brincadeiras inocentes dos jovens filhos dos Titãs. E, quando, por fim, compreendia que fora alvo de tolices sem conseqüências, corria para perto da mãe, que o abrigava em seu seio cálido...

Climene moveu-se lentamente em seu leito macio, abriu os olhos e sorriu para Japeto, que continuava a olhá-la com carinho. Sentou-se e estendeu-lhe os braços.

— Japeto, querido! Chegue-se mais perto de mim. Está preocupado, amor?

Japeto sorriu.

— Apenas contemplava seu sono. Está cada vez mais linda!

Climene afastou-se para o lado, permitindo que o esposo se sentasse em seu leito.

— Sabe, Japeto, — disse ela, apoiando a cabeça em seu ombro — algo realmente me preocupa.

Japeto procurou-a com um olhar interrogativo.

— Vou lhe dizer o que é — continuou ela. — Trata-se de Crono(Κρόνος), seu irmão menor.

Japeto ergueu as sobrancelhas.

— Ora essa... E por quê?

Climene acariciou-lhe as mãos, procurando um meio de lhe expor os motivos que a afligiam.

— Veja bem, amor. Crono agora é nosso rei. Depois que destruiu Urano, tirando-lhe a virilidade, assumiu seu lugar e reina sobre todos nós. Não que eu esteja de acordo com o que ele fez, mas não cabe a mim julgá-lo. Deve ter tido sérios motivos que justifiquem aquele ato brutal contra o pai. Mas agora, veja o que faz. Rejeita totalmente a ideia de casar-se, de gerar um filho que futuramente irá substituí-lo. Num universo que mal começa a se formar e a se expandir, todos tem que gerar filhos, que chegarão com suas idéias próprias e tarefas importantes, para que nenhum ramo da Criação fique estagnado ou carente de atenção.

— Você tem razão — concordou Japeto — mas não acredito que de muito lhe sirva preocupar-se por Crono.  Ele é estranho, bruto, decidido, e quando resolve alguma coisa, não adianta demovê-lo da ideia. Se não quer se casar, o problema é dele. Só acho curioso que ele ainda não tenha percebido que, num universo onde tudo se modifica a cada instante, evidentemente será substituído um dia, seja por um filho dele ou não. Quem sabe até mesmo um dos nossos? Prometeu, talvez...

— Bem — disse Climene, sem se importar com o comentário do esposo — seja lá que motivo tenha, acho que ele precisa gerar o novo rei, aquele que o sucederá. Melhor que seja seu próprio filho, não acha?

Japeto suspirou.

— Mas ele não quer assim. Sinto que tem verdadeiro pavor só em imaginar que um dia será destronado por um filho. Coisas de rei, não é mesmo, amor?

Abraçou-a e quedou-se, pensativo. Quem seria o sucessor de Crono? E será que ele teria mesmo um sucessor ou iria reinar eternamente, sempre forte e atuante, sem permitir que o cansaço de tão grande encargo lhe pesasse nos ombros?...

Um comentário:

  1. Esses 2 da foto não são Jápeto e Clímene, mas sim, Izanagi e Izanami, da mitologia japonesa, mas, fora isso, o artigo tá ótimo.

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