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quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Capítulo 59: A LOUCURA DE DIONÍSIO E A BUSCA POR SUA SANIDADE.

Cibele(Κυβέλη). Por Genzoman.

Devido ao estado de constante embriagues, Dionísio(Διονυσος) não conseguiu mais elevar-se em suas projeções astrais e seus centros energéticos diminuíram sua atividade. Não se preocupava mais em mergulhar em seu interior, pois a bebida inebriante lhe dava uma falsa sensação de abertura psíquica.


Suas proteções enfraqueceram, Hera(Ἥρα), que não conseguia perdoar Dionísio de ser filho de Zeus, ainda ressentida com a traição do seu marido, finalmente o encontrou e então apontou para ele a mão tirana ferindo-o de loucura, como costumava fazer contra aqueles que odiava, o jovem semideus quis, para curar-se, ir consultar o Oráculo de Dodona.

No caminho, um lago formado subitamente lhe impediu a passagem. Logrou, contudo, atravessar, graças ao burro no qual estava montado, e soube do Oráculo que só Cibele(Κυβέλη) lhe haveria de curar, e ensinar-lhe-ia o seu culto. Mas haveria também de permanecer errante por um bom tempo, levando o seu conhecimento sobre a vinha aos povos da Ásia. E, certamente, não seria fácil a sua propagação, visto que o temor dos terríveis efeitos da embriaguez naturalmente se lhe haveria de deparar por toda parte.

E Dionísio formou um enorme séquito para lhe acompanhar em sua longa expedição, composto de Ninfas, Rios, Sátiros, Curetes, outros seres ainda mais estranhos.  Pã(Πᾶν), deus dos campesinos árcades, e o amigo Aristeu, que havia-se casado com Autónoe, filha de Cadmos. Muitos deles passaram a levar bastões adornados de hera tal qual seu mestre, outros tocavam címbalos, outros tocavam flauta ou cantavam.

E todos dançavam selvagemente com as Mênades, as frenéticas Ninfas dos bosques. Eram sempre seguidos por um burro carregado de odres de vinho, dos quais todos bebiam e brindavam uns aos outros. Para se protegerem, com um cone de pinheiro, fabricaram bastões enrolados de hera, e chamaram-nos de tirsos. Armaram-se também de espadas, serpentes e mugidos.

O Deus vagou sem rumo pelo mundo, andou pelo Egito, pela Síria, pela Ásia e enfim chegou à Frígia. Sentou-se à beira de um lago e ficou olhando sua imagem refletida no lago. Não viu  quando Rhea(Ῥέα), que por ali era conhecida como Cibele, chegou.

Cibele, a grande deusa da Frígia, era a personificação das forças naturais. Reunia em si o poder do Ar, do Fogo, da Terra e da Água. De onde veio? Ninguém sabia. Havia quem dissesse que era a própria Gaia(Γαῖα), que, em seus passeios pela Frígia, assumira uma forma humana diferente daquela que normalmente usava e passeava numa carruagem puxada por leões, seguida por um cortejo de Curetes.

Cibele se aproximou de Dionísio e tocou-lhe o ombro. Este pousou na deusa seu desvairado olhar e soltou uma gargalhada.

— Quem é você, minha bela? É real ou fruto de minha imaginação? Vamos, desapareça em meio à fumaça, da mesma forma que somem os vultos que me perseguem dia e noite.

Cibele tomou-o pela mão e fez com que ele se erguesse.

— Venha comigo, Dionísio, venha recuperar aquilo que lhe pertence por direito de origem.

Dionísio a seguiu docilmente. Entrou em sua carruagem e deixou que ela o levasse para seu Templo, onde somente os iniciados podiam entrar. Despiu-o e fez com que mergulhasse nas águas da purificação. Depois entregou a ele uma veste branca como as nuvens e conduziu-o ao centro do templo. Dionísio sentiu uma descarga elétrica muito sutil na parte inferior de sua coluna vertebral. Estremeceu. Cibele tocou em todos os seus centros energéticos, de baixo para cima e, por fim, espalmou a mão direita sobre sua cabeça.

— Dionísio, seus centros de força agora estão livres e desimpedidos e a serpente de fogo está prestes a se erguer. Inspire profundamente.

Dionísio fechou os olhos e fez o que Cibele mandava. Logo o fogo preso na base da coluna vibrou com mais ardor. E, em meio a uma dor profunda e quase irreal, a serpente se elevou até o alto de sua cabeça. Dionísio gemeu e se curvou sobre seu própria corpo.

Cibele o amparou e fez com que se levantasse novamente. Uma clareza súbita iluminou sua mente e a imagem de Zeus(Ζεύς) ocupou seus pensamentos. E, no mesmo momento, ele sentiu que Zeus e ele eram uma só pessoa. Uma arrepio violento sacudiu seu corpo e ele abriu os olhos devagar. Cibele sorria...

Cibele iniciou Dionísio em seus cultos sagrados. Algum tempo depois, com sua deidade desperta e conscientizada, e livre do estigma da loucura, ele partiu novamente. Dionísio, antes de atingir a Hélade, pretendeu levar o seu culto à Trácia, país dos Edônios.

Licurgo(Λυκοῦργος), filho de Dryas , o "carvalho", e pai de um filho cujo nome também era Dryas, governava a região. Junto com a população Cultuavam a deusa Deméter, e aprenderam com isso a extrair o sumo do grão de cevada e convertê-lo em bebida, por esta razão não se sentia confortável ao saber que os cultuadores de Dionísio, haviam desenvolvido uma bebida inebriante equivalente ao extrair o sumo das uvas.

Temendo que os dois cultos pudessem entrar em conflito, o imperador convidou os seguidores de Dionísio para uma comemoração visando a integração dos dois cultos, sendo assim ofereceu a cevada ao sacerdote de Dionísio e em retribuição recebeu uma ânfora de vinho, a qual passou a degustar.

Logo estava embriagado e dirigiu-se a seus aposentos, no entanto, enquanto caminhava pelo jardim em direção a seu quarto, viu uma bela dama repousada sobre um banco de costas próxima a fonte, imaginando ser sua bela esposa aproximou-se decididamente e ainda entorpecido tentou possuí-la ali mesmo sob protestos.

Após algumas tentativas, forçou a dama a virar-se de frente, e antes que pudesse beija-la, observou transtornado tratar-se de sua própria mãe. Quando ele descobriu o que tinha feito, e muito provavelmente assustado pelos efeitos da embriaguez, mandara fossem arrancadas todas as vinhas previamente plantadas, pois acreditou que o vinho teria um efeito maléfico nas pessoas. Por esta razão decidiu aprisionar os seguidores de Dionísio. As Mênades, apavoradas, largaram o tirso e fugiram.

Ao tomar conhecimento do fato, Dionísio seguiu para Trácia. Mensageiros correram a avisar ao rei Licurgo sobre a chegada do jovem deus.

— Virá ele com o intuito de usurpar meu trono? — esbravejou Licurgo — Pois façam-no prisioneiro!

A guarda real partiu para cumprir as ordens, no entanto, Cárops, um habitante da região, pai de Éagros, o mesmo que assumiria a paternidade de Orfeu, preveniu Dionísio sobre os planos de Licurgo.

Então, para salvar-se, e pressentindo o perigo que se aproximava, atirou-se no mar e mergulhou bem fundo, indo buscar abrigo junto a Tétis(Τηθύς), a nereida, que uma vez havia acolhido Hefesto(Ἥφαιστος), quando foi precipitado do Olimpo pela colérica Hera.

Ao ser acolhido por Tétis, deu como recompensa pela hospitalidade, uma taça de ouro feita pelo deus Hefesto. Enquanto isso, todas as Mênades e Sátiros que o haviam acompanhado foram lançados à prisão. Enquanto isso, em seu refúgio marinho, Dionísio meditou profundamente e Licurgo enlouqueceu.

Obcecado pela perseguição ao jovem deus, saiu junto aos seus homens ao seu encalço, deixando de lado todas as obrigações para com seu povo,O país se tornou pobre. Certa vez chegou a ser questionado por sua esposa e filho que sofriam pelo descaso que se abateu pela Região.

— Imploro que cesse esta busca, meu senhor, os campos secam e o gado morre de fome sem ter quem cuide deles, todos os homens o acompanham nessa demanda incessante, logo não haverá lugar para onde retornarem.

— Logo tudo isto terá um fim, basta que capturemos Dionísio, certamente foi ele quem lançou esta maldição sobre nosso povo. — Vociferava o rei.

— mas...

— Basta, não admitirei que questionem meus métodos. — Silenciou a todos.— Sairemos logo para o verdadeiro embate, há apenas uma região que ainda não procuramos.

E foi contra uma plantação de vinhas que se deu a ultima investida, o imperador dividiu suas tropas pelo vinhedo e foi ao centro, no entanto, ferido pela cólera de Dionísio não conseguia distinguir a carne dos galhos e seguiu botando a baixo tudo que encontrava pela frente naquela plantação, e foi assim que julgando cortar as videiras, plantas sagradas de Dionísio, Licurgo decepou nariz, orelhas, braços e pernas do próprio filho Dryas.

Diante de tamanha atrocidade, a maldição de Dionísio se abateu definitivamente sobre o reino, o solo ficou seco e estéril, nada mais voltaria a crescer ali.

Os súditos reais consultaram o oráculo, Apolo(Ἀπόλλων) então respondeu:

— A cólera de Dionísio caiu sobre sua cidade. Para apaziguá-la, terão que oferecer seu Rei em sacrifício.

O povo da Trácia não hesitou ante a proposta do oráculo e sobre o monte Pangeus, Licurgo foi amarrado a quatro cavalos e pereceu esquartejado e pisoteado.

Dionísio surgiu das águas cercado de glórias, as Mênades, agora livres, começaram a ensinar os mistérios da nova divindade à Trácia. E Dionísio recompensou a ajuda de Cárops dando-lhe o reino dos trácios e instruindo-lhe nos ritos secretos ligados aos seus Mistérios. O povo inebriou-se com o vinho e dançou, até cair ao solo, enchendo a alma com o êxtase e o entusiasmo do jovem deus...

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