Sêmele(Σεμέλη). Por Genzoman. |
Observado a menina que acabara de sair dos arbustos, Zeus(Ζεύς) se aproximou e examinou-a com os olhos.
— Você é jovem e forte. Servirá perfeitamente a meus propósitos. Quer me ajudar, Sêmele(Σεμέλη)?
— O que pretende com esta menina, Zeus? — perguntou Perséfone(Περσεφόνη).
Sêmele arregalou os olhos.
— Zeus?! — pensou ela. — Mas ele parece um homem, apenas. Não é possível!
— Meu filho precisa de um ventre para crescer e terminar sua formação, Perséfone. Melhor que seja uma mãe desconhecida, para não atrair a ira de Hera(Ἥρα).
Sêmele fechou os olhos e esfregou-os com força.
— Zeus, Perséfone, Hera?!... Acho que estou tendo uma alucinação. Abriu os olhos devagar. Não era uma alucinação.
— E, então, Sêmele, quer me ajudar?
Ela quis responder, mas engasgou. Sacudiu debilmente a cabeça e balbuciou:
— Sim... Bem... Mas o que devo fazer?
Os olhos de Zeus sorriram, ensombreados pelas sobrancelhas cerradas. Espalmou a mão direita sobre a cabeça da moça.
— Em primeiro lugar, relaxe... Assim...
E logo o mundo começou a girar até que sem perceber a princesa Sêmele, já encontrava-se em seu quarto, estava deitada em seu leito. Estava só, mas ao seu lado ainda havia a marca profunda de um corpo — o corpo de um deus. De fato, Zeus, mais uma vez traindo Hera, sua esposa e irmã, amou Sêmele, que competia com as deusas em beleza e graça. Estivera até há pouco gozando dos prazeres que lhe proporcionara sua mortal amante.
E logo o mundo começou a girar até que sem perceber a princesa Sêmele, já encontrava-se em seu quarto, estava deitada em seu leito. Estava só, mas ao seu lado ainda havia a marca profunda de um corpo — o corpo de um deus. De fato, Zeus, mais uma vez traindo Hera, sua esposa e irmã, amou Sêmele, que competia com as deusas em beleza e graça. Estivera até há pouco gozando dos prazeres que lhe proporcionara sua mortal amante.
Em sua mente a princesa, procurava reviver as sensações que o senhor do Olimpo a pouco lhe causara. Um torpor desconhecido escorreu por seu corpo, tornando-o quase insensível. Seus joelhos se dobraram e ela se estirou no leito. Zeus ajoelhou-se a seu lado, abriu seu cinto de couro e ergueu-lhe as vestes curtas até a altura do peito. E, como num sonho, Sêmele sentiu que Zeus riscava a pele de seu ventre, em forma de cruz.
Teve a impressão de que suas carnes se abriam, mas não sentiu dor. Não estranhou quando Zeus introduziu em seu corpo, pela fenda aberta em seu ventre, o coração sangrento e palpitante de Zagreu(Ζαγρεύς), que havia sido despedaçado pelos Titãs rebeldes e seus restos foram enterrados junto à trípode de Delfos. E mal percebeu quando Zeus tornou a fechar, com uma suave carícia, o talho aberto. Zeus se levantou e esperou que ela se recuperasse. Depois ajudou-a a se erguer.
Teve a impressão de que suas carnes se abriam, mas não sentiu dor. Não estranhou quando Zeus introduziu em seu corpo, pela fenda aberta em seu ventre, o coração sangrento e palpitante de Zagreu(Ζαγρεύς), que havia sido despedaçado pelos Titãs rebeldes e seus restos foram enterrados junto à trípode de Delfos. E mal percebeu quando Zeus tornou a fechar, com uma suave carícia, o talho aberto. Zeus se levantou e esperou que ela se recuperasse. Depois ajudou-a a se erguer.
— Sêmele, você carrega agora em seu ventre o embrião de um filho que gerei com cuidado e carinho. Cuide dele e eu cuidarei de você e realizarei qualquer um de seus desejos.
Sêmele olhava o ventre com atenção, procurando alguma cicatriz, alguma marca que lhe indicasse que não fora tudo apenas um sonho, ou uma alucinação. Tão distraída estava, que não viu seu pai chegar.
— Que foi, Sêmele? Algum problema? — Questionou Cadmos(Κάδμος), ao ver sua filha ainda atordoada.
— Pai, acho que estou ficando maluca. Imagine só o que me aconteceu.
E contou tudo, desde o sonho com o menino, até o seu inexplicavelmente encontro com Zeus e Perséfone.
— Minha filha, acredito em você e acho que os deuses a escolheram para uma importante missão. Fique atenta, pois possivelmente será procurada por eles novamente.
Pelo rosto de Sêmele passou um ar incrédulo.
— Mas, papai, acho que foi tudo um sonho. Como posso acreditar que tenha tido um contato real com os deuses?
Cadmos se sentou a seu lado.
— Sêmele, por que não crê que os deuses possam falar aos humanos? Eu sabia que um dia isto iria lhe acontecer, ou a um dos seus irmãos. Sempre foi assim, em nossa família. Lembre-se que foi graças à proteção de Athena(Ἀθάνα) que ganhei o trono de Tebas. E lembre-se também que foi o próprio Zeus que me deu sua mãe em casamento.
Sim, Sêmele se lembrava bem das histórias que haviam embalado sua infância. Por várias vezes seu pai lhe contara como fora parar na Trácia, com sua avó, à procura de Europa(Ευρώπη).
— Minha irmã Europa, você sabe, havia sido raptada por Zeus, que se disfarçara em um touro para alcançar seu fim; Agenor(Ἀγήνωρ), nosso pai, ordenou, então, que nós todos, seus irmãos, saíssemos à sua procura — o louco! — e assim fui eu, acompanhado por minha mãe Teléfassa(Τηλέφασσα), errar por terras que nunca vira, sem jamais ter encontrado a pobre Europa. Receando, contudo, retornar para casa de mãos abanando, decidimos ficar pelo mundo e fazer nosso próprio destino. Fomos bem acolhidos pelos habitantes locais, meus irmãos Fineus(Φινεύς), Fênix(Φοῖνιξ), Cílix(Κίλιξ), juntamente com Tásos(Θάσος), agora reis, nem por isso se desinteressaram pela buscas de nossa pequena irmã, desaparecida há tantos anos. Eles enviavam constantemente homens de confiança a percorrer outros reinos e terras, indagando e procurando, mas sempre em vão.
Após tantos anos, minha mãe Teléfasse, apoiada em meu braço, já quase não tinha forças para caminhar. Ainda assim continuava... Até que, certa manhã, sentindo-se mal, despertou-me carinhosamente, pois eu era seu derradeiro e fiel companheiro de jornadas.
— Meu filho, quem vai descansar agora sou eu.
— Quer que eu construa uma cabana para que a senhora possa repousar? — preocupou-se Cadmos.
— Minha cabana, agora, é no seio da Terra. Meu repouso, agora, será permanente.
Cadmos empalideceu ao ouvir aquelas palavras. Compreendeu que Teléfasse ia morrer.
— Minha querida mãe! É tão triste saber que a senhora não teve o consolo de rever sua filha e minha irmã...
— Tenho certeza de que vou encontrá-la, um dia, do outro lado da vida. — comoveu-se Teléfasse ante a preocupação de seu filho.
— E que será de mim? Que devo fazer de agora em diante?
— Depois que fechar meus olhos e fechar com terra minha última morada, não fique aqui, não caminhe a esmo. Vá a Delfos, como última tentativa, consultar o Oráculo que tudo sabe e tudo prediz. Ele lhe dirá o que deve fazer de agora em diante. Você foi um filho fiel, merece a ajuda dos deuses ainda que estrangeiros.
— Delfos? Onde fica Delfos?
— Filho meu... Delfos é famosa no mundo todo. Siga seu coração, peça ajuda aos homens desta terra, e lá chegará.
Como filho mais novo de Agenor, eu era diferente dos meus irmãos. Para mim, ordem de pai era obrigação sagrada. Eu estava determinado a fazer o impossível para devolver a minha irmã à nossa família. Foi então que, após a morte de minha mãe, dias depois, junto a um pequeno grupo de fiéis seguidores embarcamos em um navio e navegamos para o Sul. Tínhamos viajado vários dias quando avistamos as montanhas de Creta.
— Continue pai. —Suplicou sêmele
— Consultei, então, o oráculo de Apolo, o qual foi claro ao me dizer que desistisse da perseguição de Europa, pois meu destino era a criação de uma nova cidade. Para saber com precisão, o local, o oráculo indicou que deveria seguir uma vaca marcada com o sinal da lua, até que ela caísse de cansaço.
Impaciente, Sêmele adiantou:
— Muito bem, você partiu e procurou nos rebanhos de todas as cidades a vaca que tivesse a marca da lua. Até que viu os rebanhos de Pélagron e, no meio dele, uma vaca que tinha no flanco um disco branco, o sinal da lua. A vaca se desgarrou do rebanho e você a seguiu, com alguns companheiros, durante dias e dias, até que ela se deitou para descansar.
— Agora percebo por que você tem uma língua fendida: é, por certo, para que fale por nós dois... — retrucou Cadmos, mal-humorado.
— Adiante, meu pai, adiante.— Insistiu Sêmele
— Como você bem observou, encontrei de fato a vaca marcada, e por isso, em agradecimento, ergui uma prece ao deus Apolo(Ἀπόλλων), a primeira vez que fazia isso a um deus estrangeiro. Mais do que depressa, paguei um alto preço pelo animal ao rei daquele país e, em seguida, resolvi segui-lo. Imaginava que seria curta a jornada. Não foi. A vaca malhada parecia incansável. Abaixava-se às vezes para abocanhar uma relva mais tenra e marchava de novo, assim dia e noite, em direção do Oeste.
— Continue, meu pai. — Suplicava a princesa.
— Paciência, minha jovem. — Retrucou Cadmos. — Já estava cansado, mas continuava, agora já convencido de que aquele era o animal anunciado pelo Oráculo. Cruzei toda a região de Pito, sem parar para descansar, depois prosseguiu rumo à região de Ogígia. Camponeses, curiosos, observando o misterioso animal que nunca parava, sempre seguido por mim, começaram também a acompanhar-me. Nunca havia visto uma vaca marchadeira como aquela. No caminho, ia lhes contando a profecia de Delfos. E como se tratava realmente de uma vaca especial, pois fascinados a seguiam, abandonando seus lares, com a esperança de um reino futuro onde seriam felizes.
Com os olhos vidrados, Sêmele apenas ouvia admirada a estória enquanto Cadmos continuava seu relato.
— Afinal, depois de alguns dias, depois de passar o rio Céfisos e atravessar os campos de Pânope, a vaca se deteve, ergueu a cabeça e soltou um mugido; parou não para abocanhar um pouco de relva, mas para repousar. Em seguida, olhou para seus seguidores, soltou um mugido alto, depois dobrou os joelhos deitou-se sobre o seu lado direito e, tranqüila, ficou ruminando. Após beijar a terra estrangeira e dirigir votos às montanhas e às planícies do país, resolvi oferecer um sacrifício a Gaia(Γαῖα) e também a Zeus, que os camponeses disseram ser seu deus maior.
— Viva! Viva! É aqui! Vamos construir a nossa cidade. Vamos construir um novo reino!— Sêmele interrompeu novamente e continuou: — Ai o senhor disse: Temos de aspergi-la com água sagrada para o sacrifício. Deve haver uma fonte aqui perto, sobre a colina, visto que desce um córrego. Entrem no bosque e encham um elmo com água! — citava sem empolgação a fala de Cadmos, que já lhe contara a mesma coisa outras vezes.
Como se sua única ouvinte não estivesse presente Cadmos continuou: — E todos saíram a juntar pedras e material para suas casas. Alguns foram providenciar lenha e a água para o sacrifício, entrando no bosque próximo que ficava sobre a colina, onde encontraram um riacho, aos pés de uma colina, cuja fonte chamava-se Areia, a “fonte de Ares”. Quando entraram no bosque, e mergulharam seus barris na água, ergueu-se, no fundo da caverna do riacho, um vulto terrível e ameaçador. Era um dragão, que subitamente estendeu a cabeça e fez um barulho assustador. Como os homens demoraram, fui à sua procura. Ao entrar no bosque onde eles haviam se embrenhado, dei de cara com a gruta. Do lado de fora havia muitas poças de sangue e alguns pedaços das roupas dos meus pobres companheiros.
— Minha irmã Europa, você sabe, havia sido raptada por Zeus, que se disfarçara em um touro para alcançar seu fim; Agenor(Ἀγήνωρ), nosso pai, ordenou, então, que nós todos, seus irmãos, saíssemos à sua procura — o louco! — e assim fui eu, acompanhado por minha mãe Teléfassa(Τηλέφασσα), errar por terras que nunca vira, sem jamais ter encontrado a pobre Europa. Receando, contudo, retornar para casa de mãos abanando, decidimos ficar pelo mundo e fazer nosso próprio destino. Fomos bem acolhidos pelos habitantes locais, meus irmãos Fineus(Φινεύς), Fênix(Φοῖνιξ), Cílix(Κίλιξ), juntamente com Tásos(Θάσος), agora reis, nem por isso se desinteressaram pela buscas de nossa pequena irmã, desaparecida há tantos anos. Eles enviavam constantemente homens de confiança a percorrer outros reinos e terras, indagando e procurando, mas sempre em vão.
Após tantos anos, minha mãe Teléfasse, apoiada em meu braço, já quase não tinha forças para caminhar. Ainda assim continuava... Até que, certa manhã, sentindo-se mal, despertou-me carinhosamente, pois eu era seu derradeiro e fiel companheiro de jornadas.
— Meu filho, quem vai descansar agora sou eu.
— Quer que eu construa uma cabana para que a senhora possa repousar? — preocupou-se Cadmos.
— Minha cabana, agora, é no seio da Terra. Meu repouso, agora, será permanente.
Cadmos empalideceu ao ouvir aquelas palavras. Compreendeu que Teléfasse ia morrer.
— Minha querida mãe! É tão triste saber que a senhora não teve o consolo de rever sua filha e minha irmã...
— Tenho certeza de que vou encontrá-la, um dia, do outro lado da vida. — comoveu-se Teléfasse ante a preocupação de seu filho.
— E que será de mim? Que devo fazer de agora em diante?
— Depois que fechar meus olhos e fechar com terra minha última morada, não fique aqui, não caminhe a esmo. Vá a Delfos, como última tentativa, consultar o Oráculo que tudo sabe e tudo prediz. Ele lhe dirá o que deve fazer de agora em diante. Você foi um filho fiel, merece a ajuda dos deuses ainda que estrangeiros.
— Delfos? Onde fica Delfos?
— Filho meu... Delfos é famosa no mundo todo. Siga seu coração, peça ajuda aos homens desta terra, e lá chegará.
Como filho mais novo de Agenor, eu era diferente dos meus irmãos. Para mim, ordem de pai era obrigação sagrada. Eu estava determinado a fazer o impossível para devolver a minha irmã à nossa família. Foi então que, após a morte de minha mãe, dias depois, junto a um pequeno grupo de fiéis seguidores embarcamos em um navio e navegamos para o Sul. Tínhamos viajado vários dias quando avistamos as montanhas de Creta.
— Continue pai. —Suplicou sêmele
— Consultei, então, o oráculo de Apolo, o qual foi claro ao me dizer que desistisse da perseguição de Europa, pois meu destino era a criação de uma nova cidade. Para saber com precisão, o local, o oráculo indicou que deveria seguir uma vaca marcada com o sinal da lua, até que ela caísse de cansaço.
Impaciente, Sêmele adiantou:
— Muito bem, você partiu e procurou nos rebanhos de todas as cidades a vaca que tivesse a marca da lua. Até que viu os rebanhos de Pélagron e, no meio dele, uma vaca que tinha no flanco um disco branco, o sinal da lua. A vaca se desgarrou do rebanho e você a seguiu, com alguns companheiros, durante dias e dias, até que ela se deitou para descansar.
— Agora percebo por que você tem uma língua fendida: é, por certo, para que fale por nós dois... — retrucou Cadmos, mal-humorado.
— Adiante, meu pai, adiante.— Insistiu Sêmele
— Como você bem observou, encontrei de fato a vaca marcada, e por isso, em agradecimento, ergui uma prece ao deus Apolo(Ἀπόλλων), a primeira vez que fazia isso a um deus estrangeiro. Mais do que depressa, paguei um alto preço pelo animal ao rei daquele país e, em seguida, resolvi segui-lo. Imaginava que seria curta a jornada. Não foi. A vaca malhada parecia incansável. Abaixava-se às vezes para abocanhar uma relva mais tenra e marchava de novo, assim dia e noite, em direção do Oeste.
— Continue, meu pai. — Suplicava a princesa.
— Paciência, minha jovem. — Retrucou Cadmos. — Já estava cansado, mas continuava, agora já convencido de que aquele era o animal anunciado pelo Oráculo. Cruzei toda a região de Pito, sem parar para descansar, depois prosseguiu rumo à região de Ogígia. Camponeses, curiosos, observando o misterioso animal que nunca parava, sempre seguido por mim, começaram também a acompanhar-me. Nunca havia visto uma vaca marchadeira como aquela. No caminho, ia lhes contando a profecia de Delfos. E como se tratava realmente de uma vaca especial, pois fascinados a seguiam, abandonando seus lares, com a esperança de um reino futuro onde seriam felizes.
Com os olhos vidrados, Sêmele apenas ouvia admirada a estória enquanto Cadmos continuava seu relato.
— Afinal, depois de alguns dias, depois de passar o rio Céfisos e atravessar os campos de Pânope, a vaca se deteve, ergueu a cabeça e soltou um mugido; parou não para abocanhar um pouco de relva, mas para repousar. Em seguida, olhou para seus seguidores, soltou um mugido alto, depois dobrou os joelhos deitou-se sobre o seu lado direito e, tranqüila, ficou ruminando. Após beijar a terra estrangeira e dirigir votos às montanhas e às planícies do país, resolvi oferecer um sacrifício a Gaia(Γαῖα) e também a Zeus, que os camponeses disseram ser seu deus maior.
— Viva! Viva! É aqui! Vamos construir a nossa cidade. Vamos construir um novo reino!— Sêmele interrompeu novamente e continuou: — Ai o senhor disse: Temos de aspergi-la com água sagrada para o sacrifício. Deve haver uma fonte aqui perto, sobre a colina, visto que desce um córrego. Entrem no bosque e encham um elmo com água! — citava sem empolgação a fala de Cadmos, que já lhe contara a mesma coisa outras vezes.
Como se sua única ouvinte não estivesse presente Cadmos continuou: — E todos saíram a juntar pedras e material para suas casas. Alguns foram providenciar lenha e a água para o sacrifício, entrando no bosque próximo que ficava sobre a colina, onde encontraram um riacho, aos pés de uma colina, cuja fonte chamava-se Areia, a “fonte de Ares”. Quando entraram no bosque, e mergulharam seus barris na água, ergueu-se, no fundo da caverna do riacho, um vulto terrível e ameaçador. Era um dragão, que subitamente estendeu a cabeça e fez um barulho assustador. Como os homens demoraram, fui à sua procura. Ao entrar no bosque onde eles haviam se embrenhado, dei de cara com a gruta. Do lado de fora havia muitas poças de sangue e alguns pedaços das roupas dos meus pobres companheiros.
— Foi então que o senhor percebeu que a fonte era guardada por um dragão, filho de Ares(Ἄρης), que os matou. E que aguardava somente a sua chegada para devorá-lo também... — disse Sêmele de modo corrido, como quem recita um texto pela milésima vez.
— Exatamente. Oh, jamais esquecerei aquele dragão terrível, azulado de crista vermelha e bocarra feroz. De seus olhos saía fogo, seu corpo estava inflamado e suas três línguas sibilavam sobre as três fileiras de dentes. E muitas patas que terminavam em garras e cauda monstruosa que se agitava como um açoite. A fonte pertencia ao deus Áres, que ali mantinha o imenso dragão de guarda, o mesmo estava com os maxilares ensangüentados, tendo ainda nos dentes alguns bocados de meus homens! O ódio insano se apoderou de mim naquele momento, Filha!
— Lá vamos nós.
— Primeiro atirei uma grande rocha contra ele, que teria sido capaz de abalar as próprias muralhas de Tróia, erguidas por Poseidon, no entanto as escamas do dragão eram mais duras do que a pedra, e o impacto não lhes causou nenhum dano. Saquei então da espada e finquei-a entre as escamas do monstro, atingindo sua espinha e dilacerando sua carne imunda. Os estrondos que se seguiram foram como os de um terremoto. A horrenda criatura contorceu-se de dor, debatendo-se contra as pedras e jogando-as por todos os lados. Batia nas árvores com a cauda, quebrando-as como se fossem galhos secos. Ela se contorceu de dor, tentando arrancar, em vão, a espada mortífera, mas a ponta de ferro ficou lá cravada, dentro de sua carne. A horrenda criatura empinava e corcoveava. Ela veio, então, em minha direção, com a boca escancarada cheia de riscos de sua saliva podre misturada ao veneno, enquanto eu recuava, prudentemente.
Sêmele, parecia interessada, e Cadmos, percebendo isso, prosseguiu:
— Assim estivemos durante longo tempo, ela cuspindo em minha direção sua baba asquerosa e pestilenta, e eu escolhendo o momento certo para enterrar minha lança em sua goela hedionda, sem hesitar entrei correndo de lança em riste pela enorme caverna espantosa que era a boca do dragão. Tão de repente foi que o monstro nem teve tempo de fechar a bocarra e triturar-me; cravei a lança por dentro, indo a mesma transpassar a mandíbula da criatura e alojar-se numa árvore milenar, fazendo o monstro estrebuchar e amolecer, soltando um rugido de dor com toda a força em sua garganta. No abrir agonizante da boca, saltei fora como um gato, e pude ver assim o rápido estremecer do medonho dragão que havia devorado meus companheiros e enfim que a criatura tombou, extenuada e sem vida.
Cadmo fez uma pausa para retomar o fôlego.
— Agora deixe-me contar a propósito...
—... dos Spartoi(Σπαρτοί), é claro... — completou Sêmele, feliz, apesar de tudo, por ter sido tão misericordiosamente curta a narrativa do dragão.
— Estava com o monstro abatido a meus pés. Fiquei ali, perplexo, por alguns instantes, e me entristeci por estar sozinho de novo. Olhei para a vaca malhada que a tudo assistia, e parecia tudo saber. Como num passe de mágica, a vaca se dissolveu no ar, desaparecendo ante meus olhos.
— Que prodígio é esse? — Pergumntei a mim mesmo. — Talvez um deus tenha me dado a força necessária para matar esse monstro, pois nenhum homem o faria sem ajuda divina. Que deuses são venerados nesta terra? Ao deus desconhecido eu agradeço do fundo do coração.
— E o que aconteceu, pai? — perguntou Sêmele.
— Foi quando escutei uma voz bem nítida que assim dizia:
— Cadmo heróico, os deuses ajudam os bravos e destemidos. Essa grande façanha foi somente sua, ó filho da Ásia. Mas fique avisado de que o dragão pertencia a Ares, o terrível deus da guerra, e talvez um dia ele o faça pagar por essa perda, por mais justificada que ela tenha sido. Ouça com atenção e siga meu conselho: tome agora os dentes desta fera e os semeie sobre a terra!
Ao olhar para o lado vi nitidamente que Athena me acompanhava e claro que segui à risca o que a sua voz dizia. Sendo assim, apanhei uma grande pedra, esfacelei a cabeça do dragão e, pacientemente, fui arrancando, um por um, os enormes dentes do monstro. Com minha lança, fiz os buracos no solo, e comecei a plantar os dentes como se fossem enormes sementes. Cobri, com eles, uma grande área. Dali a pouco vi brotar do próprio chão, para meu indizível espanto, um exército inteiro de soldados armados, guerreiros ameaçadores, já de lanças e escudos! Uma colheita de soldados!
— E o sennhor os chamou de Spartoi, que significa "Os Semeados". O que eles fizeram?
— Ao deparar-me com estranhas criaturas, fiz menção de desembainhar a espada ensanguentada., quando a voz já conhecida soou suavemente:
— Não toque na espada, Cadmos. Apenas apanhe uma pedra e atire no meio deles! Verá que voltarão as armas uns contra os outros, e você estará salvo.
Escondido atrás de uma árvore frondosa, atirei pedras entre os guerreiros e eles, não vendo quem os atacava, começaram a brigar uns com os outros. Mas não era uma briguinha qualquer, não. Aquele era um exército portentoso, de milhares de homens armados até os dentes, e a briga pavorosa se estendeu pela noite inteira, sob o brilho das estrelas. E apesar de ter tentado intervir por mais de uma vez, fui sempre rechaçado pela voz que me dizia:
— Refreie a sua mão, eis que esta é uma luta entre irmãos!
— E como terminou este massacre?
— "Massacre", bem o diz, cara Sêmele, pois ao cabo da luta restavam somente cinco deles vivos e em pé no meio de um mar de mortos. Eram eles Equíon, Udeu, Ctônio, Hiperenor e Peloro. Foi quando a voz falou de novo:
— Ordene a esses cinco guerreiros que embainhem as espadas. Eles o ajudarão a construir uma próspera cidade.
— Eu já revoltado contra aquele espetáculo monstruoso e inexplicável de ferocidade, contra o qual nada podia fazer, pois encontrava-me movido e provocado por forças estranhas, apressei-me em ordenar, com voz irretorquível:
— Embainhem suas espadas! Já!
Os cinco guerreiros, estonteados de ódio estúpido e feridos, detiveram-se bruscamente, ouvindo e temendo a voz minha autoritária. Ainda faziam movimentos quase instintivos de ataque, mas o meu olhar dominava-os. E assim prossegui:
— Agora calma. Acabaram-se os ódios. A luta acabou. Vamos agora construir uma cidade, juntos, e atrair moradores, homens de paz, que queiram viver tranquilamente num mundo menos brutal. Entendido?
Os cinco sobreviventes quase nada entenderam. Mas sentiam, sabiam no íntimo, que agora havia um senhor e que era preciso obedecer-lhe. Deram-se as mãos, como bons amigos, ajoelharam-se na minha frente e disseram:
— Armas fora, companheiros, e vivamos doravante em paz!
E foi assim que eles juraram-me lealdade e dedicação eterna. Tratei de seus ferimentos e cuidei deles até que se refizessem. Muito gratos, os cinco juraram obedecêr-me, tanto na paz quanto na guerra, se preciso fosse.
Como eram rijos e fortes e precisavam dar ocupação a seus braços, enchendo o seu tempo aproveitando suas energias, puseram-se no mesmo instante a trabalhar. Suas energias se multiplicavam, e a obra de suas mãos crescia e subia como por milagre. E logo, casas e ruas foram-se erguendo, e camponeses e filhos de outras cidades, vendo aquela surgir rapidamente, tão bela, juntaram-se ao seu trabalho, ajudando-os. Os cinco guerreiros nascidos dos dentes do dragão, mais tarde, se tornariam nos fundadores das cinco grandes famílias da futura Tebas. A nova cidade passou a ser chamada de Cadméia, em homenagem ao seu rei, e o país de Beócia, “terra da vaca”. E, ao redor de Cadméia, mais tarde, nasceria a poderosa Tebas, glória de toda a Grécia. Seus descendentes, a família reinante de Tebas, diriam nascidos da Terra e trariam uma lança tatuada no corpo como sinal de nascimento.
Cada um dos Spartói, saídos dos dentes do dragão, e cada um dos voluntários que haviam surgido para ajudar a construir a cidade tinha a sua casa. Eram belas as casas, alinhadas em ruas largas e ensolaradas.
Faltava agora construir, para Cadmos, que voltava ao convívio dos demais, um palácio, digno do seu nome e do futuro que esperava o seu reino. Cadmos e seus companheiros saíram, portanto, a escolher o local. Foi eleita uma colina que dominava a cidade nascente.
— Bem, vão descansar agora. Vocês precisam dormir um pouco. Amanhã nós começaremos a construir o palácio mais esplêndido que já existiu!
Não foi preciso. Na manhã seguinte, quando todos despertaram, viu-se com surpresa que, no alto da colina, já brilhava, aos primeiros clarões da Aurora, o palácio real, todo feito de mármore espelhante e de nobres colunas de majestosa austeridade.
Cadmos, cheio de alegria, foi o primeiro a penetrar no palácio, deslumbrado com a bela obra dos deuses que ele não conhecia e jamais ouvira falar. E seus novos e fiéis servidores bradaram:
— Longa vida ao nosso rei, no seu belo palácio! —gritavam todos
— Exatamente. Oh, jamais esquecerei aquele dragão terrível, azulado de crista vermelha e bocarra feroz. De seus olhos saía fogo, seu corpo estava inflamado e suas três línguas sibilavam sobre as três fileiras de dentes. E muitas patas que terminavam em garras e cauda monstruosa que se agitava como um açoite. A fonte pertencia ao deus Áres, que ali mantinha o imenso dragão de guarda, o mesmo estava com os maxilares ensangüentados, tendo ainda nos dentes alguns bocados de meus homens! O ódio insano se apoderou de mim naquele momento, Filha!
— Lá vamos nós.
— Primeiro atirei uma grande rocha contra ele, que teria sido capaz de abalar as próprias muralhas de Tróia, erguidas por Poseidon, no entanto as escamas do dragão eram mais duras do que a pedra, e o impacto não lhes causou nenhum dano. Saquei então da espada e finquei-a entre as escamas do monstro, atingindo sua espinha e dilacerando sua carne imunda. Os estrondos que se seguiram foram como os de um terremoto. A horrenda criatura contorceu-se de dor, debatendo-se contra as pedras e jogando-as por todos os lados. Batia nas árvores com a cauda, quebrando-as como se fossem galhos secos. Ela se contorceu de dor, tentando arrancar, em vão, a espada mortífera, mas a ponta de ferro ficou lá cravada, dentro de sua carne. A horrenda criatura empinava e corcoveava. Ela veio, então, em minha direção, com a boca escancarada cheia de riscos de sua saliva podre misturada ao veneno, enquanto eu recuava, prudentemente.
Sêmele, parecia interessada, e Cadmos, percebendo isso, prosseguiu:
— Assim estivemos durante longo tempo, ela cuspindo em minha direção sua baba asquerosa e pestilenta, e eu escolhendo o momento certo para enterrar minha lança em sua goela hedionda, sem hesitar entrei correndo de lança em riste pela enorme caverna espantosa que era a boca do dragão. Tão de repente foi que o monstro nem teve tempo de fechar a bocarra e triturar-me; cravei a lança por dentro, indo a mesma transpassar a mandíbula da criatura e alojar-se numa árvore milenar, fazendo o monstro estrebuchar e amolecer, soltando um rugido de dor com toda a força em sua garganta. No abrir agonizante da boca, saltei fora como um gato, e pude ver assim o rápido estremecer do medonho dragão que havia devorado meus companheiros e enfim que a criatura tombou, extenuada e sem vida.
Cadmo fez uma pausa para retomar o fôlego.
— Agora deixe-me contar a propósito...
—... dos Spartoi(Σπαρτοί), é claro... — completou Sêmele, feliz, apesar de tudo, por ter sido tão misericordiosamente curta a narrativa do dragão.
— Estava com o monstro abatido a meus pés. Fiquei ali, perplexo, por alguns instantes, e me entristeci por estar sozinho de novo. Olhei para a vaca malhada que a tudo assistia, e parecia tudo saber. Como num passe de mágica, a vaca se dissolveu no ar, desaparecendo ante meus olhos.
— Que prodígio é esse? — Pergumntei a mim mesmo. — Talvez um deus tenha me dado a força necessária para matar esse monstro, pois nenhum homem o faria sem ajuda divina. Que deuses são venerados nesta terra? Ao deus desconhecido eu agradeço do fundo do coração.
— E o que aconteceu, pai? — perguntou Sêmele.
— Foi quando escutei uma voz bem nítida que assim dizia:
— Cadmo heróico, os deuses ajudam os bravos e destemidos. Essa grande façanha foi somente sua, ó filho da Ásia. Mas fique avisado de que o dragão pertencia a Ares, o terrível deus da guerra, e talvez um dia ele o faça pagar por essa perda, por mais justificada que ela tenha sido. Ouça com atenção e siga meu conselho: tome agora os dentes desta fera e os semeie sobre a terra!
Ao olhar para o lado vi nitidamente que Athena me acompanhava e claro que segui à risca o que a sua voz dizia. Sendo assim, apanhei uma grande pedra, esfacelei a cabeça do dragão e, pacientemente, fui arrancando, um por um, os enormes dentes do monstro. Com minha lança, fiz os buracos no solo, e comecei a plantar os dentes como se fossem enormes sementes. Cobri, com eles, uma grande área. Dali a pouco vi brotar do próprio chão, para meu indizível espanto, um exército inteiro de soldados armados, guerreiros ameaçadores, já de lanças e escudos! Uma colheita de soldados!
— E o sennhor os chamou de Spartoi, que significa "Os Semeados". O que eles fizeram?
— Ao deparar-me com estranhas criaturas, fiz menção de desembainhar a espada ensanguentada., quando a voz já conhecida soou suavemente:
— Não toque na espada, Cadmos. Apenas apanhe uma pedra e atire no meio deles! Verá que voltarão as armas uns contra os outros, e você estará salvo.
Escondido atrás de uma árvore frondosa, atirei pedras entre os guerreiros e eles, não vendo quem os atacava, começaram a brigar uns com os outros. Mas não era uma briguinha qualquer, não. Aquele era um exército portentoso, de milhares de homens armados até os dentes, e a briga pavorosa se estendeu pela noite inteira, sob o brilho das estrelas. E apesar de ter tentado intervir por mais de uma vez, fui sempre rechaçado pela voz que me dizia:
— Refreie a sua mão, eis que esta é uma luta entre irmãos!
— E como terminou este massacre?
— "Massacre", bem o diz, cara Sêmele, pois ao cabo da luta restavam somente cinco deles vivos e em pé no meio de um mar de mortos. Eram eles Equíon, Udeu, Ctônio, Hiperenor e Peloro. Foi quando a voz falou de novo:
— Ordene a esses cinco guerreiros que embainhem as espadas. Eles o ajudarão a construir uma próspera cidade.
— Eu já revoltado contra aquele espetáculo monstruoso e inexplicável de ferocidade, contra o qual nada podia fazer, pois encontrava-me movido e provocado por forças estranhas, apressei-me em ordenar, com voz irretorquível:
— Embainhem suas espadas! Já!
Os cinco guerreiros, estonteados de ódio estúpido e feridos, detiveram-se bruscamente, ouvindo e temendo a voz minha autoritária. Ainda faziam movimentos quase instintivos de ataque, mas o meu olhar dominava-os. E assim prossegui:
— Agora calma. Acabaram-se os ódios. A luta acabou. Vamos agora construir uma cidade, juntos, e atrair moradores, homens de paz, que queiram viver tranquilamente num mundo menos brutal. Entendido?
Os cinco sobreviventes quase nada entenderam. Mas sentiam, sabiam no íntimo, que agora havia um senhor e que era preciso obedecer-lhe. Deram-se as mãos, como bons amigos, ajoelharam-se na minha frente e disseram:
— Armas fora, companheiros, e vivamos doravante em paz!
E foi assim que eles juraram-me lealdade e dedicação eterna. Tratei de seus ferimentos e cuidei deles até que se refizessem. Muito gratos, os cinco juraram obedecêr-me, tanto na paz quanto na guerra, se preciso fosse.
Como eram rijos e fortes e precisavam dar ocupação a seus braços, enchendo o seu tempo aproveitando suas energias, puseram-se no mesmo instante a trabalhar. Suas energias se multiplicavam, e a obra de suas mãos crescia e subia como por milagre. E logo, casas e ruas foram-se erguendo, e camponeses e filhos de outras cidades, vendo aquela surgir rapidamente, tão bela, juntaram-se ao seu trabalho, ajudando-os. Os cinco guerreiros nascidos dos dentes do dragão, mais tarde, se tornariam nos fundadores das cinco grandes famílias da futura Tebas. A nova cidade passou a ser chamada de Cadméia, em homenagem ao seu rei, e o país de Beócia, “terra da vaca”. E, ao redor de Cadméia, mais tarde, nasceria a poderosa Tebas, glória de toda a Grécia. Seus descendentes, a família reinante de Tebas, diriam nascidos da Terra e trariam uma lança tatuada no corpo como sinal de nascimento.
Cada um dos Spartói, saídos dos dentes do dragão, e cada um dos voluntários que haviam surgido para ajudar a construir a cidade tinha a sua casa. Eram belas as casas, alinhadas em ruas largas e ensolaradas.
Faltava agora construir, para Cadmos, que voltava ao convívio dos demais, um palácio, digno do seu nome e do futuro que esperava o seu reino. Cadmos e seus companheiros saíram, portanto, a escolher o local. Foi eleita uma colina que dominava a cidade nascente.
— Bem, vão descansar agora. Vocês precisam dormir um pouco. Amanhã nós começaremos a construir o palácio mais esplêndido que já existiu!
Não foi preciso. Na manhã seguinte, quando todos despertaram, viu-se com surpresa que, no alto da colina, já brilhava, aos primeiros clarões da Aurora, o palácio real, todo feito de mármore espelhante e de nobres colunas de majestosa austeridade.
Cadmos, cheio de alegria, foi o primeiro a penetrar no palácio, deslumbrado com a bela obra dos deuses que ele não conhecia e jamais ouvira falar. E seus novos e fiéis servidores bradaram:
— Longa vida ao nosso rei, no seu belo palácio! —gritavam todos
— Depois do ocorrido Ares reclamou a morte do dragão e fez com que o senhor servisse durante oito anos como seu escravo. Depois do longo castigo, graças à proteção de Athena, o senhor recebeu de volta o trono de Tebas e Zeus o casou com Harmonia(Ἁρμονία), filha de Ares e Afrodite e minha mãe...
A lembrança dessas histórias passadas fugiu da mente de Sêmele.
— Sim, pai, você sempre me contou sobre os deuses, mas é diferente quando aconteceu conosco. Parece tão irreal...
Nenhum comentário:
Postar um comentário