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quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Capítulo 67: BATALHA DOS DEUSES, ATHENA CONTRA POSEIDON E A ORIGEM DE ATENAS.

ATHENA(Ἀθάνα). Por JessiBeans.

Cécrope(Κέκροπας), como filho de Gaia(Γαῖα), havia emergido da Terra, mas tinha uma cota de forma humana, e, portanto, era um diphyes, “de dupla natureza”, tal qual os Gigantes. Foi também o primeiro mortal a dirigir-se a Zeus(Ζεύς) chamando-o pelo nome.


Cécrope foi o fundador de Ática e ocupou o trono, no lugar de seu sogro Acteus, chamando a região Cecrópia.  Os enormes mares que limitavam suas terras, às vezes ameaçam engolir as mais fortes embarcações ou que de outras lambem delicadamente seus cascos eram o reinado de Poseidon(Ποσειδῶν). O deus dos terremotos que era irmão de Zeus.

Igual aos mares, esse deus era às vezes duro de coração e, às vezes, gentil e cheio de boa-vontade. Quando tomado por terríveis acessos de fúria, Poseidon não se importava com quem estivesse nos mares.

Ele agitava as águas com seu tridente até que as ondas atingissem a altura de montanhas, atirando-se descontroladas contra as praias arenosas e as pontas rochosas. Azar do navio que estivesse longe do porto, enfrentando os mares tempestuosos... Provavelmente, ele estava condenado.

Mas, quando a zanga de Poseidon acabava, ele passava delicadamente seu tridente na superfície das águas e, pouco a pouco, as ondas se acalmavam. Com isso, as menores embarcações conseguiam singrar os mares enquanto os golfinhos seguiam brincando alegres no rastro de espumas deixado para trás.

Sendo um povo navegador, os gregos tinham o maior respeito por Poseidon e sempre lhe invocavam a proteção, antes de saírem para navegar.

Igual aos demais deuses, Poseidon sonhava em ter uma cidade especial que lhe rendesse culto e para a qual ele pudesse oferecer ajuda e proteção e logo direcionou sua atenção a Ática. Cécrope havia engrandecido a velha cidade do rei Acteus, dando-lhe o nome de Cecrópia. Porém, era preciso pôr a nova cidade sob a proteção de uma divindade. Decidiu-se que se tomaria por protetor da cidade o deus que produzisse a coisa mais útil.

Então, Poseidon foi para o reino da Ática, antes de qualquer outro deus, e encontrou Cécrope na Acrópole. O rei estava supervisionando a construção da nova cidade. Poseidon, pretensioso, ordenou que lhe fosse dedicada a cidade que, em sua honra, deveria ter o nome de Poseidônia.

— Faça o que digo, e esta cidade será a rainha dos mares. Seus navios singrarão tranquilos os oceanos, e ninguém se atreverá a medir forças com você.

Dizendo essas palavras, o poderoso Poseidon bateu a terra com o tridente e fez surgir o cavalo, animal maravilhoso que ainda não existia naquela terra, e ergueu o tridente e bateu-o na rocha da acrópole. No ponto que acertou brotou uma fonte de água salgada, que mais tarde levaria o nome de “mar de Erecteus”.

— Aí está o meu presente. Quando forem partir para terras distantes, ajoelhem-se e encostem o ouvido na fonte. Se ouvirem o rugir dos mares, não devem partir. Se partirem, enfrentarão muitas tempestades pelos caminhos e seus navios serão engolidos pelas águas.

Em seguida, Poseidon desapareceu.

Cécrope mal havia se refeito da surpresa, quando Athena(Ἀθάνα), a deusa da sabedoria, também lhe apareceu. E pediu que a cidade lhe venerasse.

— Se fizer o que peço, sua cidade será o centro da beleza e da sabedoria. Nela a Arte, a Literatura e a Ciência florescerão e deste lugar o espírito da Liberdade se espalhará até os últimos recantos da Terra.

Então, Athena domou o cavalo para o transformar em animal doméstico, e, batendo na mesma rocha em que estava a fonte, com a ponta da lança, fez surgir uma árvore carregada de frutos, a oliveira, carregada de azeitonas, pretendendo com aquilo mostrar que o seu povo seria grande pela agricultura e pela indústria.

— Este é o meu presente. Toda a Cecrópia se cobrirá com os brotos verde-prateados que nascerão desta árvore. Os frutos matarão a fome do povo, produzirão óleo para iluminar vossas casas, produzirão madeira para suas moradas e aquecerão seus lares e seus ramos serão um símbolo de paz entre os homens.

Cécrops ficou maravilhado com o presente de Athena e achou ótimo que a sua cidade se transformasse na capital da cultura. Mas como Poseidon havia pedido primeiro, ele não sabia qual escolher.

Inesperadamente, apareceu de novo Poseidon e, furioso, desafiou Atena:

— Eu só desisto do que quero se você me vencer em combate.

O deus bem sabia que era muito mais forte do que Athena e que ela não teria a menor vantagem. A deusa também o sabia, mas ela não tinha medo, e prontamente aceitou.

— Vamos lá! Venha!

E deu alguns passos para trás, agarrando a lança com ambas as mãos. Poseidon também tomou posição de luta, erguendo seu tridente de um modo ameaçador.

Os dois deuses do Olimpo já estavam prontos para a batalha, quando Zeus(Ζεύς) em pessoa apareceu entre eles. Com a inesperada chegada do senhor do mundo, os combatentes baixaram as armas porque Zeus era a lei para eles.

Embaraçado, consultou o povo, para saber a que deus preferia entregar-se. Naquela época as as mulheres da Cecrópia tinham o direito ao voto, sendo assim, os cidadãos deveriam escolher entre os dois qual seria o protetor da cidade. Todos os cidadãos foram convocados a votar, homens e mulheres. Ora, sucedeu votarem todos os homens por Poseidon e todas as mulheres por Athena; mas como entre os colonos que acompanhavam Cécrope, havia uma mulher a mais, Athena venceu por um voto.

Poseidon protestou contra essa maneira de julgar a divergência, e apelou para o tribunal dos Doze Grandes Deuses Olimpianos. Zeus, mesmo o mais justo dos deuses, tinha uma especial afeição por Athena e queria entregar-lhe aquela cidade. Sabia, de outro lado, que não podia se esquecer do gênio esquentado de Poseidon. Por isso, resolveu mesmo convocar os demais deuses para que chegassem a uma definição através do voto.

Pouco depois, todos os grandes deuses do Olimpo estavam reunidos na Acrópole, onde o velho Cécrope e Crânaos, testemunhas da votação, contou-lhes tudo o que estava acontecendo. E acrescentou:

— Eu e os moradores da Ática respeitaremos a sua decisão. Que os templos e as estátuas que adornarão a Acrópole sejam dedicados ao deus que escolherem para ser o guardião da cidade!

Logo, os Olímpicos votaram, um por um. As deusas votaram em Atena. Os deuses em Poseidon. Como Zeus não tomou partido, como juiz, Athena ganhou por um voto, novamente. Por isso, não teve jeito: a cidade recebeu a tutela de Athena passando a ser chamada de Atenas. Esse ato de Zeus fez com que Cécrope a ele concedesse o título de Hípatos, “o altíssimo”.

Em recompensa, a deusa Athena passou a auxiliar Cécrope a fortificar a Acrópole e a construir belos edifícios em seus pontos mais elevados.

Assim que Cécrope instituiu a primeira assembléia geral na cidade-sede, ele mandou que cada habitante trouxesse uma pedra, “laas”, e a depositasse no meio da ágora, e foram contadas vinte mil pessoas, sem contar crianças e pessoas debilitadas que não puderam comparecer, estava instituído ali o censo, a contagem da população.

Além do mais, apresentou-lhes as leis que deveriam ser respeitadas, tanto as dos Imortais quanto às dos homens. Oficializou, sob a proteção de Atena, a instituição do casamento no país, repudiando o acasalamento promíscuo.

Implantou o costume de sepultar os mortos na terra, de modo que eles, por assim dizer, fossem depostos no seio da Grande-Mãe. Ensinou-os a semear o trigo nos sítios de enterramento, os quais, dessa maneira, em vez de serem reduzidos a cemitérios, eram devolvidos puros aos vivos. Deveriam comer o repasto fúnebre com grinaldas na cabeça e entoar canções em louvor dos que haviam partido. E decretou a punição contra malfeitores e mentirosos.

Essas e muitas outras leis foram implantadas por Cécrope, com o aval de Athena, a filha de Zeus, e a vida digna de seres humanos só assim principiou naquela região. Talvez por esse motivo a Ática tenha sido a mais requintada e civilizada das regiões gregas.

No entanto, a derrota para sua rival desencadearam a ira de Poseidon. Sua fúria tornou-se incontrolável! Atirando ondas para cima, ele fez inundar toda a planície da cidade, destruindo as quintas e aldeias do seu povo. 

Assim, levados pelo terror, os então atenienses foram consultar o Oráculo de Delfos e obtiveram a resposta do que deveriam fazer para acalmar o deus ofendido. 

A Pítia explicou que a zanga de Posseidon só cessaria se todas as mulheres de Atenas fossem castigadas. Para isso, teriam de perder o direito de votar. Quanto a seus filhos, eles só poderiam herdar o nome do pai, não mais o da mãe, como acontecia até então. E por fim não poderiam mais ser consideradas cidadãs, pois ninguem as reconheceria como atenienses.

Foi desse jeito que aconteceu. Como resultado da decisão do Oráculo, perderam-se os últimos vestígios do antigo poder exercido pelas mulheres desde quando as matriarcas regiam os clãs.

Mesmo com toda a destruição causada por Poseidon por haver perdido a cidade em favor de Athena, os atenienses temendo a cólera do deus dos mares, que já ameaçara engoli-los, ergueram na Acrópole um altar ao Olvido, no cabo Sounion, monumento de reconciliação de Poseidon e Athena; em seguida, Poseidon participou das honras da deusa e num raro espetáculo de magnanimidade, decidiu doar o seu presente desprezado, e assim perpetuam lado a lado a oliveira e o poço na Acrópole, em Atenas. Segundo dizem, é o mesmo que Poseidon abriu com o golpe de seu tridente. Quando venta no sul, pode-se ouvir um estranho e distante ronco. Parece mesmo uma tempestade em um mar tormentoso. Ante a isso, os atenienses se tornaram um povo navegador e ao mesmo tempo agrícola e manufatureiro...

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