Social Icons

twitterfacebookgoogle pluslinkedinrss feedemail

Pages

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Capítulo 35: PROTEU, O ADVINHO E SENHOR DAS METAMORFOSES.

PROTEU(Πρωτέας). Por Genzoman.

As Nereidas(Νηρείδες), curiosas, cochichavam entre si:

—  Zeus(Ζεύς) chamou Poseidon(Ποσειδῶν) às pressas!

— Por que será?



Sacudiam as cabeleiras coloridas.

— Ninguém sabe!... Ninguém sabe!

Chamaram a oceânide Eurínome(Εὐρυνόμη) que, distraída, prendia conchas no cinto largo que segurava suas vestes frouxas. Ela se aproximou com uma interrogação nos olhos muito azuis.

— Por que Zeus chamou Poseidon? — perguntaram as nereidas, quase ao mesmo tempo.

Eurínome sacudiu os ombros.

— Não sei... Assuntos de rei, creio.

Outras oceânidas foram se chegando, lentamente.

— Por que não esperam Poseidon voltar? — perguntou Dione(Διώνη) — Certamente irá nos contar alguma coisa.

— E como pode ter tanta certeza? — retrucou a nereida Galatéia(Γαλάτεια) — Talvez não nos conte nada.

— Pare de me incomodar com suas tolices, por que não vai a beira do rio chorar por seu amado Acis(Άκις).

Imediatamente as memórias daquele dia fatídico retornaram a mente de Galatéia. Depois de ter se casado com Anfitrite, Poseidon lhe foi infiel e  amou também a ninfa  Teosa(Θόωσα), filha de Forcis, e com ela gerou o Polifemo(Πολύφημος).

Nesta época, Galatéia vivia nas costas da Sicília. Passava seu tempo brincando nas ondas do mar. Um dia a jovem foi vista por Polifemo que se apaixonou por ela. Este era um dos temíveis e monstruosos ciclopes, gigantes de um só olho, que habitavam aquela ilha.

Como era feio, Polifemo, era um ser brutal, rude nos seus atos e na sua parca conduta de vida, sendo assim ele vê na bela e frágil Galatéia, o redimir da sua essência primitiva, domesticada pelo amor e pelos sonhos da paixão. Se a beleza da jovem suscita no monstro a delicadeza, o amor verdadeiro; nela ele apenas desperta o medo e terror.

Loucamente apaixonado, ele oferece à jovem as mais belas jóias, belas vestes e moedas de ouro, a tudo ela recusa, sem o mínimo de comoção às súplicas e ao amor do Ciclope. Sem ter o seu amor correspondido, Polifemo passa o tempo a cantar a beleza de Galatéia, para assim tentar fugir da imensa dor que lhe trespassa o coração apaixonado. Polifemo encontra na música o refúgio para afogar a sua mágoa de amor.

Diante da recusa de Galatéia ao seu amor, o Ciclope desconfia que ela está apaixonada por outro. Polifemo segue Galatéia e, confirmando as suas suspeitas, ao vê-la nos braços do belo Acis, o jovem pastor, entregando-se apaixonadamente, Polifemo não suporta o que vê. O seu coração magoado enche-se de ódio, transportando-o para uma fúria cega e perigosa.

Desesperado, dilacerado pelo ciúme, ao ver o casal entrelaçado na praia, Polifemo solta um grito cortante, como um trovão a rasgar o céu. Assustada, Galatéia foge para o mar, mergulhando na imensidão das águas. Acis, ao tentar acompanhar a amada na fuga, é atingido por um rochedo que lhe é atirado por Polifemo. O jovem cai sem vida.

Galatéia então ao prantos recorre aos deuses,ante ao amado morto, os deuses transformaram Acis em um rio de águas límpidas que corre próximo ao monte Etna. Polifemo sente-se vingado. O ódio aliviou-lhe a angústia do coração apaixonado e Galatéia procurou abrigo entre suas irmãs, as nereidas, no local onde as ondas que tocam as areias com suas espumas brancas, sem retornar à terra.

— Já sei! — exclamou Dione, despertando Galatéia de suas Memórias. — Vamos perguntar a Proteu(Πρωτέας). Ele tem o dom da adivinhação, poderá nos adiantar alguma coisa.

— Proteu? — falou Galatéia — Aquele velho rabugento? Sabe muito bem que ele não gosta de usar seus poderes para nada.

— Mesmo assim, não custa tentar.

Encontraram Proteu recolhendo os rebanhos de Poseidon, isto é, grandes peixes e focas. Para o recompensar dos trabalhos que com isso tinha. Poseidon deu-lhe o conhecimento do passado, do presente e do futuro. Tão distraído estava que nem viu as moças chegarem.

— Proteu! — chamou Eurínome — Precisamos de seus favores.

O velho fixou nela os olhinhos muito redondos.

— Diga-nos, Proteu, o que foi Poseidon fazer no Olimpo?

Proteu fez uma careta, encolheu-se todo e se transformou numa foca.

Dione deu uma gargalhada.

— Viram? Bem disse que de nada adiantaria falar com ele! Proteu detesta interrogatórios e sempre se livra deles se metamorfoseando em algum animal.

As moças se entreolharam, desapontadas.

— E agora?

— O jeito é esperar Poseidon chegar.

A foca sacudiu-se toda e voltou a ser o velho Proteu, que despejou nas jovens um olhar cheio de censuras. Depois voltou a reunir seu inusitado rebanho.

Eidotéia(Εἱδοθέα), filha de Proteu, chegou naquele momento. Ao ver as nereidas e as oceânides reunidas em torno de seu pai, logo adivinhou que procuravam com ele alguma informação. Ao vê-la, as moças se animaram.

— Vá, Eidotéia, fale com seu pai! Peça a ele para nos dizer o que é que Zeus quer com o nosso rei. Você é a única pessoa que Proteu escuta. Por favor!

Eidotéia suspirou.

— Pai — disse ela, tocando de leve o ombro de Proteu. — Por que não atende ao pedido delas?

Imediatamente Proteu metamorfoseou-se em um leão.

— Pare com isso, papai! Vamos, responda!

E o velho foi se transformando sucessivamente em serpente, pantera e javali.

— Papai! — estrilou Eidotéia — Não faça mais isto! Ficarei furiosa se não der sua resposta.

Desta vez ele apareceu como uma árvore.

— Que coisa feia, meu pai! Vamos, fale comigo ou irei embora para sempre.

Por fim, o velho capitulou. Transformou-se ainda em água, mas logo voltou à sua aparência real. Fungou e pigarreou. Depois fechou os olhos e vasculhou sua tela mental. Resmungou, afinal:

— Zeus fala em purificação. Purificação pela água!

— E o que mais diz ele, meu pai? — insistiu Eidotéia — Quem vai ser purificado?

— O mundo! — disse ele, enrolando as palavras — O mundo será purificado pelas águas. Muitas águas, muitas chuvas e toda a ira de Poseidon!

— Não pode ser! — exclamou a oceânida Climene(Κλυμένη), mãe de Prometeu — Se isto acontecer, os homens serão todos destruídos! Meu pobre filho irá sofrer tanto!

Dione olhou-a, espantada.

— Será mesmo? Irão destruir os homens?

A nereida Calipso aproximou-se, lânguida e linda.

— Que pena!... Os homens são tão interessantes, tão belos, tão diferentes dos feios seres do mar. Que pena!..

Nenhum comentário:

Postar um comentário