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sábado, 3 de agosto de 2013

Capítulo 33: POSEIDON, O SENHOR DOS MARES.

POSEIDON(Ποσειδῶν). Por Genzoman.

Com a derrota dos Titãs, Zeus(Ζεύς) realizou a partilha do mundo, concedendo a Hades(Άδης) os subterrâneos e os Infernos e a Poseidon(Ποσειδῶν) todas as águas que circundam e adentram na Terra. A Poseidon, que lhe coube pela sorte o domínio dos mares, Zeus deu-lhe de presente uma grande carruagem com a forma de concha. O carro vinha atrelado a dois seres monstruosos, metade cavalo metade serpente.


— Poseidon, leal herói, a você, com seu tridente, entrego todo o governo das águas que encontrares, estejam elas nos rios, nos lagos ou mesmo nos mares. Também cabe a você mandar na fauna e na flora que pelas águas habitam!

Com ar superior o senhor dos mares se pronunciou:

— Levarei Deméter(Δήμητρα) comigo, meu irmão! É com ela a quem vou me casar!

Poseidon, todo agitado, pleno de orgulho e glória, assim gritou, enquanto Deméter só ouvia, quieta em um trono, que não conseguia esconder todo o desgosto que saltava de seus olhos, em seu rosto.

Reconhecia o valor de Poseidon, pois lutara ao seu lado, contudo, não tinha intenção de unir-se em matrimônio sincero, com qualquer imortal. Amava o mundo material com muita intensidade, estranho sentimento conhecido por todos os presentes. 

Forte constrangimento invadiu a reunião. Brilhava o ouro do salão, refletindo em cada borda, torneado de colunas, no teto e no chão dourados, a tensão inquietante, diante daquele impasse causado pelo desejo do temido rei dos mares. Todos sabiam que Poseidon, quando expressava algum pedido, falava mais em tom de mando, certo de que seu gosto haveria de ser realizado. 

Assim, aguardaram de Zeus mais justa e sábia palavra que trouxesse paz à partilha dos poderes, visto que temiam ver ferido o coração de Deméter. Zeus permanecia calado. E Poseidon, já em seu carro, pronto para partir, ansioso para governar o seu reino, estendeu o braço na direção de Deméter, crendo que o silêncio de seu irmão lhe era o consentimento para levar a irmã.

Dura, Héra(Ήρα) encarou Zeus, feito quem exigia dele mais correta intervenção.Assim fez Hades(Άδης), e Hestia(Εστία) adiantou-se do trono em que estava sentada.

— Meu senhor, não pode ser o que vai acontecer!

— Cale-se! Não se intrometa, com a moléstia da pressa, cara Hestia, pois percebo a aflição que se passa! Seria justo o que pretende nosso irmão Poseidon, se eu, a meu mando, não tivesse comigo, também, a missão de doar Deméter! — Repreendeu o senhor do Olimpo.

Então, Zeus se dirigiu a Poseidon:

— Não queira além do que quero, valente Poseidon!

Poseidon, muito abatido por tal decisão, conteve-se e teve que aceitar. Sequer respondeu à ordem recebida. Levando em mãos o tridente, arma que usara desde as primeiras batalhas contra os Titãs, fez avançar seu carro para fora do salão real, rumo ao Oceano. 

Por onde passava, tremia a Terra, e gritava o Ar. Poseidon, apesar de morar agora nas profundezas dos mares, tinha o poder de saber tudo o que se passava no mundo. Seu tridente lhe dava o poder de acalmar os elementos, desencadear maremotos e fazer surgir ou desaparecer as ilhas. 

Devido ao temor que seu poder provocava, todos tinham medo dele e nenhuma mulher queria se envolver com ele. Poseidon era um deus rabujento e colérico, sempre fincando seu tridente no fundo do mar e provocando terremotos a propósito de qualquer contrariedade, a ponto de ser conhecido pelo nome de “o Abalador da Terra”.

E Zeus entendia e sabia dos motivos de ser tão brutal.

— “Poseidon, o importuno”, eis o que é! É, não tem jeito mesmo, vamos ter de lhe arrumar uma esposa... Quem das deusas do Olimpo?

Taumas(Θαύμας), outra divindade, filho de Pontos(Πόντος) e Gaia(Γαῖα), uniu-se à Oceânide Electra(Πλειάδα) e foi o pai de Iris(Ἶρις), a mensageira alada dos deuses, que se vestia com as cores do arco-íris, e das três Hárpias(Άρπυιες) — Celeno(Κελαινώ), a Obscuridade, Aelo(Αελλώ), a Tempestade e Ocitopete(Ωκυπέτη), a Veloz.

As Hárpias eram velhas e horrorosas. Do corpo de abutre pendiam peitos murchos, o bico e as unhas imensas e aduncas davam a elas um aspecto monstruoso. Eram carniceiras, pousavam nas iguarias dos banquetes, espalhando por tudo um cheiro tão infecto que ninguém mais conseguia comer. Escolheram por morada o vestíbulo dos Infernos, embora algumas vezes fossem vistas esvoaçando com estardalhaço sobre as Ilhas Estrófades, no Mar Egeu.

Zeus pensou... pensou... e chegou a uma conclusão: haviam muitas Ninfas espalhadas pelo mar, como as Oceânides, as Nereidas e as Tritônidas. Poseidon deveria escolher uma delas.

— Íris!— Chamou o senhor do Olimpo.

— Sim, pai dos deuses. 

— Vai até o fundo do mar e traz a mim o velho Nereu. 

Nereu(Νηρεύς) o outro filho de Pontos e Gaia, também conhecido por velho do mar, casou-se com a oceânida Dóris e desta união nasceram as Nereidas(Νηρηΐδες). Eram cerca de cinqüenta belas filhas, sendo as principais: Anfitrite(Ἀμφιτρίτη), Tétis(Θέτις), Galatéia(Γαλάτεια), Dinâmene(Δυναμένη), Psâmate(Ψαμάθη) e Nérites(Νημερτής). 

Então, Íris, que era muito veloz, pois era alada, rumou para o mar. Recolhendo suas asas, deu um mergulho espetacular e chegou até os domínios do deus Nereu.

E, mais tarde, no Olimpo...

— Nereu, meu velho, que bom vê-lo aqui no Olimpo outra vez! Como tens passado?

Nereu, de longas e alvas barbas, suspeitava que Zeus tramava algo, e perguntou:

— O que ordenas, deus supremo?

Zeus pôs uma mão sobre o ombro do velho amigo e disse:

— Pois bem. Quero que cedas uma de suas filhas a meu irascível irmão. Não posso mais suportar as suas teimosias e temo que haja um confronto mais sério entre nós, caso ele não se acalme. Você sabe, precisa de alguém que lhe aconselhe, lhe acalme, lhe dê conforto... essas coisas.

— Sei. Pois não, poderoso Zeus. Podes escolher qualquer uma de minhas cinqüenta filhas.— respondeu Nereu.

— Cinqüenta? Não eram cem?

— É... podem ser cem, como podem ser mil... não importa. Seja como for, são muitas.

Depois de estudar a questão, uma multidão de Nereidas foi chamada a comparecer no Olimpo, e Zeus viu-as umas mais belas que as outras. Eram todas belíssimas. Mas Zeus, depois de observar uma por uma, notou que uma delas se escondia atrás das demais, e procurava esconder-se à medida que Zeus tentava observá-la. 

E Zeus perguntou:

— Como se chama aquela que não se deixa mostrar?

— Perdoa-me, senhor, mas são muitas. Qual?

— Aquela, a menos assanhada... que está bem atrás das demais. Como se chama?

— Ah, é Anfitrite. Ela é um pouco tímida, sabe... Mas não te preocupes com ela, tem muitas outras que podem servir...

E Zeus interrompeu-o, jubiloso:

— Anfitrite será a esposa de Poseidon!

— Mas será que não seria melhor...

— Não, não, Anfitrite será a esposa ideal.

Zeus deu uma palmadinha na face enrugada do amigo, que voltou-se para a filha e olhou-a com tristeza. Anfitrite amava seu pai com tanta ternura e compreensão que para ficar em sua companhia para sempre havia decidido jamais casar-se.

Nereu, para não contrariar a vontade do rei dos deuses, concluiu:

— Está bem. Diga a seu irmão para ele mesmo ir buscá-la. E retirou-se.

No mesmo dia Zeus comunicou a escolha ao mal-humorado irmão, que decidiu, ainda assim, conhecer a sua futura noiva.

— Vai com calma. As filhas de Nereu costumam ter o senso de independência muito pronunciado.

Porém Poseidon, que tinha o senso de prepotência ainda mais pronunciado, não se intimidou.

— Onde posso ir encontrá-la?

— Ela está na ilha de Strongyle, junto com suas irmãs.

E Poseidon retornou ao seu palácio azulado no fundo do oceano para se preparar para o grande encontro...

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